O presidente francês, Emmanuel Macron, lançou nesta segunda-feira (11/12) seu programa "Make our planet great again", com o anúncio dos primeiros cientistas especializados em mudanças climáticas que a França acolherá, depois que seu contraparte americano, Donald Trump, retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris sobre o Clima.
O anúncio com os nomes de 18 cientistas - 13 deles americanos - foi feito na véspera de uma cúpula em Paris sobre mudanças climáticas, também convocada depois que o presidente americano deu as costas a este compromisso global, assinado há exatamente dois anos para limitar o aquecimento do planeta a menos de 2;C.
"Quero agradecer-lhes por sua presença, sua resposta a esta primeira chamada, sua decisão de vir a Paris", disse Macron, defendendo que a França quer "impulsionar suas pesquisas (...) e assegurar-se de que aqui tenham ajuda para obter resultados mais rapidamente".
Condenando a decisão da Casa Branca, Macron convocou em junho passado os cientistas a se mudarem para a França.
Ele prometeu 30 milhões de euros (35 milhões de dólares) para sua iniciativa "Make our Planet Great Again" (Tornar nosso planeta grande de novo), uma resposta ao slogan da campanha eleitoral de Trump, "Make America Great Again" (Tornar a América Grande de novo).
Desde então, aderiram à sua promessa universidades francesas e outras instituições para financiar 50 projetos de pesquisa com duração de cinco anos.
Entre os selecionados estão a americana Camille Parmesan, a italiana Alessandra Giannini e a espanhola Nuria Teixidó.
Para Teixidó, o programa de Macron demonstra que a ciência "tem um papel importante perante as mudanças climáticas".
Atualmente na Universidade de Stanford, esta cientista estudará na França como "o clima e a acidificação (dos oceanos) afetam a biodiversidade marinha e a capacidade das espécies de se adaptar às mudanças em seu entorno".
O restante dos contemplados será revelado no ano que vem.
Peña Nieto, Rajoy e Morales na cúpula
A cúpula desta terça-feira se concentrará em como acelerar o financiamento público e privado, ainda muito insuficiente, e em como ajudar os países em desenvolvimento.
Meia centena de chefes de Estado e de governo assistirão ao encontro, entre eles o mexicano Enrique Peña Nieto, o espanhol Mariano Rajoy, o boliviano Evo Morales, a britânica Theresa May e vários presidentes africanos.
Os Estados Unidos enviarão um encarregado da embaixada, embora autoridades políticas, empresas e fundações vão estar presentes para defender que o país "continue aí".
Ao final de um ano marcado por furacões violentos no Caribe e incêndios devastadores na Califórnia, um estudo acaba de revisar para cima as previsões de aquecimento global estimadas no último relatório do grupo de especialistas da ONU, conhecido como Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).
Em 2015, a comunidade internacional acordou agir para conter a elevação das temperaturas abaixo de %2b2;C com relação à era pré-industrial, mas os compromissos nacionais tomados agora representarão um aumento de mais de 3;C.
Paralelamente, os países ricos prometeram elevar a 100 bilhões de dólares anuais até 2020 o financiamento destinado aos países em desenvolvimento - que reivindicam garantias de que cumprirão sua promessa - para poder se adaptar aos impactos do aquecimento.
A encarregada climática da ONU, a ex-ministra mexicana Patricia Espinosa, exigiu nesta segunda-feira, em Paris, que se dê um passo adiante no financiamento deste desafio global.
Os acordos políticos "não serão suficientes se não atualizarmos e redesenharmos a arquitetura financeira global", afirmou.
Em declaração conjunta, 54 grandes empresas (Adidas, Allianz, Diageo, H, Philips, Unilever, Kering, Virgin group, etc), "representantes de mais de 1,9 milhão de trabalhadores no mundo e com receita de mais de 676 bilhões de euros", defenderam nesta segunda-feira uma "ação climática ambiciosa".
O grupo solicitou em particular que se acabe com as "subvenções às energias fósseis em 2025, um preço adequado ao carvão e uma maior clareza sobre quais são os riscos financeiros vinculados ao clima".