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Alabama pode eleger senador republicano acusado de assédio sexual

O candidato é o ultraconservador Roy Moore que rejeita os direitos dos transgêneros e o casamento entre pessoas do mesmo sexo, o discurso do candidato também inclui a luta contra a imigração clandestina



Além de rejeitar os direitos dos transgêneros e o casamento entre pessoas do mesmo sexo, o discurso de Moore também inclui a luta contra a imigração clandestina e uma defesa forte, duas prioridades de Trump.

Até recentemente era inimaginável que um republicano corresse o risco de perder uma eleição em um estado que não dá a vitória a um senador democrata desde 1992.

No entanto, Roy Moore é diferente de qualquer republicano. As pesquisas mostram que ele não tem mais a vantagem que registrava antes do jornal Washington Post publicar, há um mês, as primeiras acusações de mulheres que afirmam ter sido assediadas quando eram adolescentes, nos anos 1970 e 1980.

Uma pesquisa feita nesta segunda-feira (11/12) pela Fox News registrava a sua derrota por uma diferença de 10 pontos. Mas outra, realizada pela Emerson, dava o resultado contrário.

- Apoio polêmico -


Moore, de 70 anos, foi eleito duas vezes presidente da Suprema Corte do Alabama, mas foi deposto do cargo duas vezes: em 2003 por ter se recusado a retirar de um prédio oficial uma estátua de duas toneladas em homenagem aos Dez Mandamentos, e em 2016 por ter desafiado a Suprema Corte dos Estados Unidos ao recusar-se a aplicar a decisão que legalizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Alguns líderes republicanos se distanciaram dele, pois rejeitam o extremismo religioso do ex-juiz, que é candidato ao Senado por ter vencido as disputadas primárias em agosto. Mas o equilíbrio do Senado está em jogo e Trump deu apoio total ao "juiz Moore", como o chama, uma aliança pragmática entre o populismo econômico do presidente e o ativismo religioso do ex-magistrado.

"É chocante que um agressor sexual de menores seja apoiado pelo presidente", criticou a eleitora democrata em Birmingham, Zandy Moyo.

- Republicanos divididos -


Para o estado-maior republicano em Washington, a eleição já representa uma derrota. Se Moore vencer, o partido teme ser prejudicado por associação; se ele perder, o partido também perderá a atual maioria no Senado, de 52 das 100 cadeiras.

"Roy Moore será um presente para os democratas", reconheceu o senador republicano Lindsey Graham. "Será um tema central nas eleições (legislativas) de 2018", disse à emissora CNN.

O candidato democrata Doug Jones, um ex-procurador federal de 63 anos, é conhecido por ter conseguido a condenação de membros da Ku Klux Klan envolvidos no incêndio de uma igreja frequentada por afro-americanos em Birmingham. Jones aumentou o número de comícios para mobilizar a base democrata, majoritariamente negra.

"Faço política há 50 anos, vi o Alabama passar de democrata a republicano e nunca imaginei que teríamos uma oportunidade como esta, e agora temos", disse à AFP Richard Mauk, um funcionário democrata local.

O dilema republicano levará alguns a dar as costas a seu candidato, mas não necessariamente a apoiar Jones. A posição do democrata a favor do aborto é, por exemplo, um freio para muitos republicanos, que poderiam optar por eleger um terceiro candidato para salvar sua honra.