Agência France-Presse
postado em 13/12/2017 09:43
O democrata Doug Jones conquistou uma surpreendente vitória na terça-feira (12/12) na eleição para o Senado no estado conservador do Alabama, ao derrotar o , acusado de assediar menores de idade e que era apoiado pelo presidente Donald Trump.
A vitória democrata, um terremoto político na eleição mais disputada de 2017 e em um dos estados mais conservadores dos Estados Unidos, representa um revés amargo para o presidente, que deu todo o apoio a Roy Moore, apesar das acusações pesadas contra o republicano.
O triunfo de Jones reduz ao mínimo a maioria republicana no Senado, o que prejudica a aprovação das reformas de Trump, especialmente a adoção a curto prazo do grande programa de corte fiscal que está sendo examinado pelo Congresso.
Com praticamente todas as urnas apuradas, Jones tem 49,9% dos votos, contra 48,4% de Moore, uma diferença de mais de 20.000 votos, de acordo com informações da imprensa.
"Mostramos a este país a maneira como podemos estar unidos", disse o senador eleito Doug Jones, um ex-promotor de 63 anos que se tornou famoso ao conseguir a condenação de membros da Ku Klux Klan que detonaram uma bomba em uma igreja em um bairro de maioria negra, um ataque no qual morreram quatro crianças.
Aclamado por seus seguidores em Birmingham, Jones celebrou a vitória do "Estado de direito" e da "decência". Trump, que se dedicou à campanha para tentar evitar a eleição do "terrível" Jones, felicitou no Twitter o democrata por sua vitória em uma "dura luta".
Mas o candidato republicano se negou a aceitar a derrota imediatamente e afirmou a seus eleitores em Montgomery que "quando a votação é assim disputada, ainda não acabou". O resultado coloca um democrata do Alabama no Senado dos Estados Unidos pela primeira vez em cinco anos. A façanha de Jones dá oxigênio à oposição a Trump, que no mês passado venceu várias eleições para governadores e outros cargos locais.
"Se os democratas conseguem vencer no Alabama, podemos - e devemos - competir em todas as partes", afirmou a ex-candidata à presidência Hillary Clinton.
Derrota mas alívio
Trump havia ignorado as acusações contra Roy Moore, um ex-juiz da Suprema Corte do Alabama de 70 anos, em uma tentativa de manter a cadeira no Senado, o que aumentaria suas possibilidades de aprovar as reformas.
Além de seu discurso tradicional contra o acordo, os homossexuais e os transgêneros, retomou os grandes temas das presidenciais, como a imigração ilegal e a defesa, destacando-se como um parceiro de confiança do presidente.
Mas o resultado reduz a maioria republicana no Senado a 51 cadeiras em um total de 100, o que significa uma margem de manobra mínima. Para o Partido Republicano, a derrota de Moore também é, paradoxalmente, um alívio, porque evita que seus congressistas tenham que lidar com o caso Moore, que é acusado de ter assediado e molestado duas menores de idade na década de 1970.
O líder republicano no Senado, Mitch McConnell, havia advertido que em caso de vitória, Moore seria alvo imediato de uma investigação da Comissão de Ética da Câmara Alta do Congresso, o que dividiria o partido, ainda mais se a comissão recomendasse a expulsão.
Com a notável exceção de Donald Trump, muitos congressistas republicanos cortaram relações com Roy Moore após a divulgação dos depoimentos das mulheres, em um momento de análise de consciência nos Estados Unidos com a proliferação de denúncias públicas de assédio sexual contra homens famosos.
Diante deste cenário, Trump se envolveu diretamente na campanha para tentar conservar a vaga no Senado que ficou vaga desde que Jeff Sessions foi nomeado procurador-geral, sem levar em consideração as eleições legislativas de 2018 ou como ficaria a imagem dos republicanos.