O papa Francisco receberá na sexta-feira no Vaticano o presidente da Bolívia, Evo Morales, na quinta reunião entre o líder indígena latino-americano e o pontífice.
É muito provável que os dois líderes falem sobre o enfrentamento diplomático entre Chile e Bolívia por uma saída ao mar para os bolivianos, um tema cada vez mais delicado para o papa devido à visita que fará ao Chile em janeiro.
Em novembro, o embaixador do Chile na Santa Sé, Mariano Fernández, manifestou seu desejo de que "o papa e toda a pessoa" envolvida se abstenha de opinar sobre o tema até que o Tribunal Internacional de Haia se pronuncie, uma sentença que deve ser ditada no fim de 2018.
Para acalmar os ânimos, o chefe da diplomacia do Vaticano, monsenhor Paul Richard Gallagher, recebeu nesta quinta-feira por quase uma hora o vice-chanceler do Chile, Edgardo Riveros.
Francisco, que chamou os países ao diálogo e a encontrar soluções compartilhadas, reconheceu ao fim de sua visita à Bolívia há dois anos que a ânsia por uma saída ao mar é justa, o que não agradou os chilenos.
Na segunda metade do século XIX, depois de uma guerra com o Chile, a Bolívia perdeu 400 quilômetros de costa e 120.000 km2 de território que a privaram de um acesso ao mar.
Francisco mantém uma relação fluida e direta com Morales, cujo país visitou em 2015, desde o início de seu pontificado.
O primeiro encontro entre os dois ocorreu no Vaticano em 2013. Morales também foi recebido em abril de 2016 e em 2014 participou no Vaticano do primeiro encontro mundial dos movimentos sociais.
O presidente boliviano viu o papa novamente na Bolívia e durante o fórum dos movimentos de base celebrado em Santa Cruz de la Sierra.
Com o encontro de sexta-feira, Morales encerra sua viagem pela Europa, que começou na França, onde na terça-feira participou da cúpula para defender a luta contra a mudança climática e para mobilizar recursos a fim de impulsionar as medidas acordadas há dois anos no Acordo de Paris.
Morales viaja acompanhado por seu chanceler, Fernando Huanacuni.