Agência France-Presse
postado em 16/12/2017 18:12
Johanesburgo - O presidente sul-africano, Jacob Zuma, encerrou neste sábado (16/12) sua etapa polêmica à frente do Congresso Nacional Africano (CNA) reconhecendo sem rodeios o declínio e as divisões no partido no poder desde 1994, que deve agora eleger seu sucessor.
Diante de milhares de delegados reunidos em Johannesburgo, Zuma reconheceu que a população não está "satisfeita com o CNA", principalmente "em termos de corrupção, criminalidade e emprego".
"Nosso fracasso na hora de resolver os problemas começa a pesar sobre o nosso movimento. Por isso, nosso povo fica frustrado quando perdemos tempo brigando entre nós em vez de resolver os desafios diários que ele enfrenta", assinalou.
O chefe de Estado abriu com este discurso a conferência de seu partido que deve designar seu sucessor. Esta eleição é considerada fundamental na história pós-apartheid do país, mas marcada por acusações de corrupção contra Zuma.
Quem vencer tem muitas possibilidades de ser eleito presidente do país, apesar de o partido estar envolvido em escândalos de corrupção e ter perdido a aura e a popularidade que contava quando Nelson Mandela foi eleito presidente em 1994, marcando o fim do regime de discriminação racial.
A crise econômica, falta de empregos e corrupção ameaçam privar o ANC da maioria absoluta nas eleições gerais de 2019.
A disputa pela presidência é um duelo acirrado entre o vice-presidente Cyril Ramaphosa, um ex-sindicalista convertido em empresário milionário, e a candidata apoiada por Zuma, sua ex-mulher e ex-presidente da União Africana (UA), Nkosazana Dlamini Zuma.
Apoiado pela ala moderada do ANC, Ramaphosa, de 65 anos, se apresenta como capaz de retomar o crescimento e critica o clã Zuma.
Por sua parte, Nkosazana, 68 anos, defende uma transformação radical da economia para favorecer os negros do país.