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Sebastián Piñera e Alejandro Guillier travam duelo na eleições do Chile

Especialistas preveem a votação mais acirrada dos últimos 18 anos e um índice de abstenção superior aos 50%

Rodrigo Craveiro
postado em 17/12/2017 08:00
Especialistas preveem a votação mais acirrada dos últimos 18 anos e um índice de abstenção superior aos 50%
O empresário Sebastián Piñera se inspirou na série Star Wars para enviar um recado criativo ; e não menos polêmico ; ao jornalista independente, de centro-esquerda, Alejandro Guillier, com quem disputa hoje o segundo turno das eleições presidenciais chilenas. ;Depois de nove meses de intensa campanha, onde se apreciaram legítimas diferenças e necessárias coincidências, e deixando para trás o Lado Obscuro da Força, (;) saúdo Alejandro Guillier e lhe desejo êxito em tudo, menos no resultado deste domingo;, escreveu em seu perfil no Twitter.

A luta nas urnas promete ser tão intensa quanto a do Império Galáctico, do falecido Darth Vader, contra a Aliança Rebelde, de seu filho Luke Skywalker. De acordo com cientistas políticos chilenos, a votação de hoje será a mais concorrida dos últimos 18 anos. Se Piñera era considerado o favorito, após ganhar no primeiro turno com 36% dos votos, contra 22% para Guillier, ninguém arrisca apostar no retorno do candidato de centro-direita ao Palácio de La Moneda. Com o respaldo da presidente Michelle Bachelet, Guillier conseguiu aglutinar mais apoiadores do que Piñera.

No entanto, isso não basta para determinar o êxito nas urnas. Os especialistas alertam que tudo dependerá do comparecimento nas 43.052 mesas de seções eleitorais espalhadas pelo país. No primeiro turno, dos 14,3 milhões de chilenos habilitados a votar, apenas 6,6 milhões exerceram o direito de escolher o próximo presidente ; uma taxa de abstenção de 53%. ;Eu não me atreveria a fazer um prognóstico real com base nas pesquisas. Será muito difícil que a eleição alcance uma taxa de abstenção menor do que 50%;, disse ao Correio Miguél Ángel López Varas, professor do Instituto de Assuntos Públicos da Universidad de Chile. ;Como a campanha foi muito dura e repleta de desqualificações de ambos os lados, qualquer um que ganhar terá de buscar a aproximação com a oposição. A governabilidade será muito difícil;, comentou.

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Varas crê que as eleições de hoje serão ;as mais competitivas dos últimos tempos;. ;É algo muito parecido com o que ocorreu em 1999, na disputa entre Ricardo Lagos e Joaquín Lavín. As pesquisas, que tiveram um desempenho ruim no primeiro turno, não são um instrumento suficientemente crível para prever um resultado hoje;, explicou. Na opinião dele, grande parte do triunfo do vitorioso virá das capacidades de aglutinar o eleitorado dos candidatos eliminados em 19 de novembro e de convocar parte dos 50% de chilenos que não votaram. "Guillier tem mais chance de captar mais eleitores, pois Beatriz Sánchez ; candidata derrotada da coalizão de esquerda radical Frente Ampla ; e quase todos os outros adversários, à exceção do advogado independente José Antonio Kast, anunciaram que o apoiariam", aposta. Ainda que hipotética, a soma dos votos de todos eles possibilitaria que Guillier alcançasse 50% mais um e se consagrasse como presidente.

Professor do Centro de Estudios de la Actualidade Nacional (CEAN) da Universidad de Santiago de Chile (Usach), Pablo Valenzuela vê Guillier numa condição ;levemente melhor; que a de Piñera e destaca que o ex-mandatário cometeu erros nos últimos dias. ;Os resultados do primeiro turno não estavam dentro dos cálculos do comando de campanha de Piñera, o que levou à desarticulação de seu discurso. Ele não conseguiu dar o tom do novo cenário proposto, com vistas ao segundo turno;, afirmou à reportagem. ;Por sua vez, Guillier passou de candidato quase resignado à derrota a um adversário mais entusiasmado, o qual somou apoio da democracia cristã; do próprio governo Bachelet, que se envolveu mais ativamente na campanha; e de dirigentes da Frente Ampla, a terceira força política da nação.;

[SAIBAMAIS]Piñera conseguiu arregimentar figuras importantes dentro da direita, como o senador José António Last, e o Manuel José Passando, ex-prefeito da comuna de Puente Alto, uma das mais populosas do Chile. ;A partir dos dados do primeiro turno, a alternativa mais viável para ganhar a eleição era a centro-direita, com Piñera. Com o desenrolar da campanha, desde 20 de novembro, ambos passaram a ter possibilidades reais de vitória. A votação não está decidida a favor de Guillier, e o mais seguro é que o resultado seja voto a voto, muito apertado. Qualquer um pode ganhar;, pontuou Valenzuela.

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