Agência France-Presse
postado em 17/12/2017 11:28
Joanesburgo, África do Sul - Os milhares de delegados do Congresso Nacional Africano (ANC), no poder desde 1994 na África do Sul, concordaram em eleger neste domingo (17/12) o sucessor do polêmico presidente Jacob Zuma, uma decisão crucial faltando dois anos para as próximas eleições gerais do país.
Ao final de uma campanha acirrada e tensa, surgiram dois favoritos: o vice-presidente Cyril Ramaphosa, um ex-sindicalista que se tornou um rico empresário, e a candidata apoiada por Zuma, sua ex-esposa e ex-líder da União Africana (UA) Nkosazana Dlamini Zuma.
Os quadros do ANC, reunidos em congresso na capital sul-africana, resolveram na parte da manhã todas as divergências que atravancavam o processo de eleição, fechando uma lista revisada de 4.776 delegados - dos 5.200 estimados - autorizados a votar.
"Tivemos que atrasar a acreditação em um dia para analisar as muitas decisões judiciais", explicou à imprensa a vice-secretária-geral do partido, Jessie Duarte. "Esperamos começar a votar na parte tarde", acrescentou.
O vencedor deste duelo tem boas chances de se tornar o próximo presidente do país em 2019, ao final do segundo mandato de cinco anos de Jacob Zuma.
Mas, como o próprio chefe de Estado admitiu no sábado (16), o partido de Nelson Mandela tem perdido força desde sua ampla vitória nas primeiras eleições livres da história do país.
"O nosso fracasso em resolver problemas começou a pesar sobre o nosso movimento", afirmou Zuma em seu discurso de despedida da liderança do partido, citando "corrupção, crime e emprego".
Enfraquecido pela crise econômica e as acusações de corrupção contra Jacob Zuma, o ANC sofreu um sério revés nas eleições locais de 2016, cedendo o controle à oposição de grandes cidades como Joanesburgo e Pretória.
E muitos analistas preveem uma derrota histórica e a perda de sua maioria absoluta nas eleições gerais de 2019.
"Nosso povo está frustrado. Perdemos tempo discutindo uns com os outros em vez de resolvermos os desafios diários do país", declarou Zuma no sábado.
Consciente das fraturas em seu movimento, o chefe de Estado pediu aos candidatos do partido união. "Eles concordaram em respeitar os resultados", insistiu.
Não há resultado claro. A rivalidade entre os dois campos favoritos parece estar em seu auge e ameaça a própria existência do ANC.
Com apoio da ala moderada do partido, Cyril Ramaphosa, de 65 anos, promete reviver a economia e denunciou violentamente a corrupção do clã Zuma. No sábado à noite, ele recebeu o importante apoio da presidente do Parlamento, Baleka Mbete.
Contra ele, Nkosazana Dlamini Zuma, de 68 anos, retomou o discurso de seu ex-marido sobre a redistribuição das riquezas em benefício da maioria negra.