Agência France-Presse
postado em 19/12/2017 08:39
Washington, Estados Unidos - O presidente Donald Trump revelou nesta segunda-feira (19/12) a estrategia de segurança nacional de sua doutrina do "America First", com uma forte defesa dos interesses americanos e sinais contraditórios sobre China e Rússia.
"Com cada decisão e cada ação estamos agora colocando os Estados Unidos em primeiro", disse Trump durante mensagem na qual revisou os pilares de seu enfoque e destacou a volta da liderança dos Estados Unidos no planeta.
[SAIBAMAIS]Trump se referiu às "potências adversárias - Rússia e China - que buscam desafiar a influência, os valores e a riqueza dos americanos", mas ao mesmo tempo mostrou sua disposição de construir "grandes alianças" com Moscou e Pequim.
Como exemplo, destacou a recente cooperação entre os serviços de inteligência russos e americanos que permitiram evitar um sangrento atentado em São Petersburgo. "Foram capazes de deter estes terroristas sem perdas de vidas. Milhares de pessoas poderiam ter morrido. É assim que deve funcionar".
"A informação recebida pela CIA demonstrou ser suficiente para a detecção, busca e prisão dos delinquentes", confirmou o Kremlin em um comunicado, acrescentando que os autores planejavam "explosões na catedral de Nossa Senhora de Kazan e em outros locais muito frequentados da cidade".
As relações entre Washington e Moscou são motivo de polêmica nos Estados Unidos, onde o procurador-especial Robert Mueller está investigando uma suposta colusão entre membros da campanha e familiares de Trump com o Kremlin nas eleições presidenciais de 2016.
O tom conciliador de Trump foi bem diferente da combativa linguagem do documento de 68 páginas preparado pelo governo para apresentar a estratégia de segurança nacional. "A Rússia visa debilitar a influência dos Estados Unidos no mundo e nos separar dos nossos aliados e sócios", assinala o texto divulgado mais cedo pela Casa Branca.
Em seu discurso, Trump citou as quatro prioridades "vitais" identificadas no documento: proteger o povo, o território e o modo de vida americano; promover a prosperidade; preservar a paz mediante a força e impulsionar a influência dos Estados Unidos.
Trump destacou que "pela primeira vez" a estratégia americana inclui um plano sério de defesa da pátria e, sem citar o México, destacou a necessidade de se construir um muro na fronteira sul do país, uma de suas promessas de campanha.
O presidente também defendeu o fim da imigração em "cadeia", que permite a entrada de toda a família do imigrante, por meio dos "horríveis programas" de loterias de vistos.
O documento afirma a convicção do governo de que a competitividade econômica é "um tema de segurança nacional", e destaca a determinação de se lutar por intercâmbios comerciais equilibrados - em particular com a China. "Entramos em uma nova era de competição", destacou Trump.
Um porta-voz da embaixada chinesa reagiu às palavras ao considerar que "é completamente egoísta para um país afirmar que seus próprios interesses são superiores aos interesses de outros países e aos interesses compartilhados da comunidade internacional". "Esta mentalidade levará apenas ao isolamento", completou.
Antes do discurso, Pequim afirmou esperar que a nova estratégia americana "contribua para melhorar a confiança mútua entre China e Estados Unidos". Muitos elementos provam que as relações econômicas entre ambos os países são "mutuamente benéficas", havia destacado o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hua Chunying.
Injusto acordo de Paris
Sobre a mudança climática, Trump se limitou a denunciar novamente o "injusto" Acordo de Paris. O tema da mudança climática não figura em qualquer parte do documento sobre a estratégia americana como uma ameaça a segurança nacional".
"Os Estados Unidos seguirão sendo um líder mundial na redução da contaminação tradicional, assim como na redução (da emissão) dos gases do efeito estufa, ao mesmo tempo que assegura o crescimento de sua economia". Depois de chegar à presidência com uma mensagem claramente cética em relação ao aquecimento global, Trump anunciou a saída dos EUA do Acordo de Paris sobre mudança climática firmado por quase 200 países.