Os Estados Unidos reconheceram nesta sexta-feira (22/12) a reeleição, em Honduras, do presidente Juan Orlando Hernández, e pediu às autoridades hondurenhas que revisem de forma "transparente e completa" qualquer impugnação de eleições por suspeita de fraude.
"Cumprimentamos o presidente Juan Orlando Hernández por sua vitória nas eleições presidenciais de 26 de novembro, conforme declarado pelo Tribunal Supremo Eleitoral de Honduras (TSE)", informou o Departamento de Estado em comunicado.
"Pedimos ao TSE que revise de forma transparente e completa qualquer pedido de impugnação apresentado pelos partidos políticos", acrescentou a porta-voz Heather Nauert, observando as "irregularidades" constatadas por observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da União Europeia (UE).
O governo de Donald Trump ainda não havia reconhecido a vitória de Hernández, mas uma fonte do Departamento de Estado indicou esta semana que não via "nada que alterasse" o resultado anunciado pelo TSE.
O TSE declarou no último domingo Hernández o vencedor das eleições após três semanas de atrasos, incerteza, acusações da oposição de "fraude monumental" e violentas manifestações nas ruas, que deixaram pelo menos 12 mortos, segundo especialistas da ONU e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
Nesta sexta-feira, o país retomava a calma, após quatro semanas de caos, apesar de alguns manifestantes do partido de esquerda Aliança de Oposição Contra a Ditadura, do candidato Salvador Nasralla, tenham tentado em três ocasiões bloquear a capital.
Todas as tentativas foram frustradas pela polícia, que dispersou os manifestantes.
Nesta sexta, o Departamento de Estado americano reiterou seu apelo a todos os hondurenhos para se absterem da violência e pediu ao governo que garanta que as forças de segurança respeitem os direitos dos manifestantes pacíficos.
"Os resultados das eleições, as irregularidades identificadas pela OEA e pela missão de observação eleitoral da UE e as fortes reações dos hondurenhos em todo o espectro político evidenciam a necessidade de um sólido diálogo nacional", afirmou Nauert.
Hernández iniciou na quarta-feira um diálogo com diferentes setores da sociedade para tentar restabelecer a paz e, na quinta-feira, reafirmou seu convite aos opositores para conversarem.
Mais de 3.000 pessoas foram às ruas na quinta-feira para protestar em frente à embaixada americana em Tegucigalpa.
O candidato Nasralla, que viajou esta semana para Washington para reunir-se com o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, e com funcionários do Departamento de Estado para apresentar provas da fraude eleitoral, declarou à AFP que aceita dialogar com Hernández, mas apenas para fixar uma nova votação.
Legisladores americanos questionaram na quinta-feira a administração Trump por sua "inadequada" resposta à crise pós-eleitoral em Honduras e expressaram apoio à proposta do secretário-geral da OEA de organizar novas eleições.
Os congressistas recordaram que a estabilidade em Honduras, assim como em outros países da América Central, é "de interesse nacional" para os Estados Unidos, cujos contribuintes investiram milhões de dólares em programas de assistência na região.