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Para os cristãos palestinos, Trump é o pesadelo de Natal

O anúncio de Trump "criou tensões em torno de Jerusalém e desviou a atenção do Natal", lamentou Pizzaballa



[SAIBAMAIS]Desde então, dezenas de grupos cancelaram suas viagens, de acordo com o arcebispo Pierbattista Pizzaballa, um dos mais altos dignitários católicos romanos no Oriente Médio.

Trump ;matou a alegria;

O anúncio de Trump "criou tensões em torno de Jerusalém e desviou a atenção do Natal", lamentou Pizzaballa. O vice-presidente americano planejava visitar esta semana Jerusalém e a igreja da Natividade em Belém, mas modificou seu programa e cancelou sua visita aos Territórios Palestinos.

Seu giro pelo Oriente Médio foi finalmente adiado, oficialmente por razões internas dos Estados Unidos. Mas, de acordo com Jane Zalfou, cristã de Belém de 37 anos, o dano já foi causado: Trump "matou a alegria" do Natal. "O que aconteceu não é algo insignificante. Faz muito tempo que os palestinos esperam o reconhecimento de seus direitos", declarou.

Cerca de 50.000 cristãos vivem na Cisjordânia e em Jerusalém, 2% de uma população majoritariamente muçulmana. Muitos deles vivem em Belém e seus arredores.

Influência evangélica

Uma parte importante desses cristãos compartilha com os muçulmanos uma visão nacional de Jerusalém. Os cristãos palestinos vivem com amargura a ironia de ver como outros cristãos, os evangélicos americanos, dos quais Pence faz parte, exercem uma grande influência na decisão de Trump e apoiam tão fervorosamente Israel.

Laurie Cardoza-Moore, um influente evangélico, explica à AFP que os evangélicos querem que os judeus reconstruam seu templo em Jerusalém, o que supostamente facilitaria o retorno de Cristo.

Os cristãos americanos que apoiam Israel ignoram totalmente a ocupação dos Territórios Palestinos, segundo Mitri Raheb, pastor de uma igreja luterana em Belém.

Apesar de ser uma cidade sagrada, Belém é palco frequente do conflito entre israelenses e palestinos. O muro de separação construído por Israel é visível em quase toda a cidade. "Infelizmente, Trump e aqueles que estão com ele sujeitam os cristãos da Palestina à sua agenda política", diz Mitri Raheb. "É como se apunhalassem pelas costas os palestinos em geral e os cristãos palestinos em particular", acrescenta.

"Quem deu esse direito a Trump? É claro que não fomos nós", indigna-se Georgette Qassis, uma mulher de 65 anos, vestindo um xale azul com o nome de Jesus. "Que vá para o inferno", conclui.