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Tensões sobre Jerusalém fazem sombra nas comemorações de Natal em Belém

Recente reconhecimento dos EUA sobre Jerusalém ser a capital de Israel deixa a região em alerta


"Claramente, isso criou uma tensão em torno de Jerusalém e desviou a atenção do Natal", apontou, embora tenha acrescentado que a celebração do Natal não sofreu alterações. Os quase 50.000 cristãos palestinos representam quase 2% da população da Cisjordânia e Jerusalém Oriental, majoritariamente muçulmana.

Dispositivos policiais

Um porta-voz da polícia israelense declarou que novos efetivos serão implantados em Jerusalém e nos postos de controle de Belém para facilitar o acesso de "milhares de turistas e visitantes" ao local sagrado.

Israel ocupou Jerusalém em 1967 e depois a anexou, embora a comunidade internacional evite reconhecer a cidade como sua capital e considera que seu status deve ser negociado.

Os palestinos consideram Jerusalém Oriental como a capital do Estado a que aspiram e o anúncio de Trump foi interpretado como uma rejeição de seu direito de ter um capital nessa área.

Em uma declaração anterior ao Natal, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, considerou que o anúncio de Trump "contribuiu para uma desconexão ilegal entre as cidades sagradas de Belém e Jerusalém".

Abbas convocou "os cristãos do mundo a ouvir as verdadeiras vozes dos cristãos nativos da Terra Santa (...) que rejeitam fortemente o reconhecimento americano de Jerusalém como a capital de Israel".

"Eles são os descendentes dos primeiros seguidores de Jesus Cristo e são parte integrante do povo palestino", disse Abbas, que se referiu à comunidade cristã local como "uma parte inerente de nossas sociedade".

Ataque contra uma igreja

No Egito, os coptas, que comemoram o Natal em 6 de janeiro, sofreram um ataque a uma igreja no sábado, quando uma multidão invadiu um templo localizado em Atfih, cerca de 100 km ao sul do Cairo, destruindo objetos e depois atacando os cristãos presentes.

A minoria cristã do Egito, que representa 10% dos 100 milhões de habitantes deste país muçulmano, sofreu cerca de 20 incidentes desse tipo durante 2017. No Iraque, este ano marca uma mudança para melhor para a comunidade cristã na cidade de Mossul.

Lá, os cristãos celebraram uma missa pela primeira vez em anos, depois que a cidade foi libertada do controle do grupo extremista Estado Islâmico (EI) em julho passado.

A missa foi celebrada na igreja de São Paulo, a leste de Mossul, onde o patriarca caldeu monsenhor Louis Sako exortou os fiéis a rezar pela "paz e estabilidade em Mossul, no Iraque e em todo o mundo".

Na Síria, outro ex-reduto do EI, Raqa, reconquistada em outubro por uma coalizão de curdos e árabes, ainda precisará de mais tempo para recuperar o espírito do Natal: embora duas igrejas cristãs históricas tenham sido desminadas, os habitantes ainda não voltaram para elas.

Enquanto isso, em Homs (centro da Síria), a comunidade cristã vai comemorar o Natal pela primeira vez desde que a cidade foi reconquistada pelas forças do regime de Bashar Al-Assad, com procissões, recitais, shows e decorações entre as ruínas.

Na Europa, onde a ameaça dos grupos extremistas segue presente, cerca de 100 mil agentes das forças de segurança serão mobilizadas neste domingo e segundas-feira na França, para garantir a segurança das festas de Natal e dos locais turísticos e locais de culto, segundo uma fonte oficial.

Neste domingo à noite, o papa Francisco, líder espiritual de 1,2 bilhão de católicos, celebrará uma missa de Natal em Roma, às 20h30 GMT (18H30 de Brasília), antes da tradicional bênção "Urbi et Orbi" na segunda-feira.