Nove pessoas morreram no ataque de um homem armado a uma igreja em Helwan, periferia ao sul do Cairo, nesta sexta-feira (29/12) - informou o porta-voz do Ministério da Saúde, Khaled Megahed, atualizando o balanço de quatro vítimas letais.
Em um primeiro momento, o porta-voz disse à televisão pública que o agressor foi abatido quando tentou invadir o local. Ele seria o 10; morto do episódio, que também deixou vários feridos.
Mais tarde, o Ministério do Interior divulgou uma nota afirmando que o invasor, um extremista procurado por cometer ataques contra a Polícia, ficou ferido e foi detido.
Em vídeos filmados com celulares e postados nas redes sociais, vê-se um homem barbudo, com uma jaqueta cheia de munição, estendido no chão, enquanto era imobilizado e algemado pelos policiais. Ele parecia estar quase inconsciente.
O acesso à igreja foi interditado pela Polícia, enquanto a perícia examinava a região. Até agora, nenhum grupo assumiu a autoria do ataque.
O homem carregava fuzis de assalto, munição e uma bomba, a qual pretendia detonar dentro da igreja, de acordo com o governo. Primeiro, matou duas pessoas, ao abrir fogo contra uma loja. Depois, seguiu para a igreja, onde abateu outras sete, entre elas um policial, além de ferir cinco guardas.
Em um comunicado, a Presidência egípcia afirmou que esse ataque "reforça a determinação [do Governo] na eliminação do terrorismo e do extremismo no país".
Países do Golfo aliados do Egito enviaram suas mensagens de condolências pelo ataque de hoje.
A Arábia Saudita disse que estará "ao lado do Egito frente aos pecaminosos atos terroristas", enquanto os Emirados Árabes Unidos consideraram o ataque "covarde".
Em meio a uma disputa diplomática com seus vizinhos do Golfo e com o Egito, o Catar também manifestou seus pêsames e enfatizou sua "firme posição na rejeição ao terrorismo".
Sequência de ataques
Desde dezembro de 2016, os cristão do Egito - os coptas - são alvo de vários atentados sangrentos em igrejas, ou em ataques direcionados cometidos na Península do Sinai. Boa parte deles foi reivindicada pelo grupo Estado Islâmico (EI).
Em 11 de dezembro de 2016, no Cairo, um atentado suicida contra a igreja copta São Pedro e São Paulo deixou 29 mortos. O Estado Islâmico (EI) assumiu o ataque.
Em abril de 2017, 45 pessoas foram mortas em dois ataques suicidas reivindicados pelo EI em plena celebração do Domingo de Ramos em Alexandria, segundo maior cidade do país, e em Tanta, no norte do Egito.
Em maio, o grupo extremista reivindicou um ataque contra um ônibus de peregrinos coptas, o qual terminou em 28 mortos. As vítimas viajavam para um mosteiro.
Os extremistas também cometeram o massacre de fiéis muçulmanos no Sinai em junho, com saldo de mais de 300 mortos, em uma mesquita sufi, uma vertente mística do Islã considerada herege pelo EI.
Depois desses ataques, o Egito estabeleceu estado de emergência nacional, e o presidente Abdel Fatah al-Sissi pediu ao Exército que se impusesse sobre os extremistas com uma "força brutal".
O grupo realiza uma letal rebelião de sua base na península do Sinai, fronteiriça com Israel e com a Faixa de Gaza, e matou centenas de policiais e de soldados.
Na quinta-feira, seis soldados egípcios morreram na explosão de uma bomba em uma estrada no Sinai.
Na semana passada, o Estado Islâmico disse ser responsável pelo disparo de um míssil antitanque contra um helicóptero em um aeroporto do Norte do Sinai durante uma visita de dois ministros. Eles escaparam ilesos, mas morreram o assistente de um deles e um piloto do helicóptero.
Minoria na mira
Ortodoxos em sua maioria, os coptas constituem a comunidade cristã mais numerosa do Oriente Médio e uma das mais antigas.
A minoria cristã representa 10% dos quase 96 milhões de habitantes no Egito, de maioria muçulmana. Seus fiéis estão espalhados por todo país, onde são a primeira minoria religiosa, com concentrações mais marcadas no Médio-Egito. Têm baixa representatividade no governo e se dizem marginalizados.
Além dos ataques contra os cristãos, os extremistas também costumam ter as forças de segurança como alvo.
O EI é suspeito de estar por trás de um atentado que deixou mais de 230 mortos contra uma mesquita do leste do Egito em 24 de novembro passado.