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EUA condenam detenções de manifestantes no Irã

Pelo menos 52 pessoas foram detidas na quinta-feira (30/12) em Mashhad (nordeste) em protestos contra o desemprego e a inflação

O governo americano condenou a onda de detenções no Irã durante as manifestações realizadas em Mashhad, a segunda maior cidade do país, e garantiu que "o mundo está observando" o que acontece no país.

Pelo menos 52 pessoas foram detidas na quinta-feira (30/12) em Mashhad (nordeste) em protestos contra o desemprego e a inflação.
Acusados pelo governo iraniano de estarem vinculados à oposição, os manifestantes voltaram às ruas na sexta-feira, gritando palavras de ordem hostis contra o presidente Hassan Rouhani.

"Muitos relatos de protestos pacíficos de cidadãos iranianos cansados da corrupção do regime e seu desperdício de riqueza da nação para financiar o terrorismo em outros países", tuitou o presidente Donald Trump à meia-noite de sexta-feira.

"O governo iraniano deve respeitar os direitos de seu povo, incluindo o direito de se expressar. O mundo está observando", acrescentou.

Trump criticou o Irã reiteradamente, classificando seu governo como um "regime fanático" e acusando de violar o acordo internacional que busca frear o programa nuclear de Teerã.

Em outubro, o presidente americano se negou a certificar que o Irã cumpre seus compromissos no âmbito do pacto, firmado durante o governo de seu antecessor Barack Obama. Deixou nas mãos do Congresso a possibilidade de retirada do país do acordo.

Ontem, a porta-voz da diplomacia americana, Heather Nauert, também se referiu aos protestos.

"Os dirigentes iranianos transformaram um país próspero, dotado de uma história e de uma cultura ricas, em um estado relegado à deriva, que exporta principalmente a violência, o banho de sangue e o caos", disse Nauert, em um comunicado.

Washington "condena firmemente a detenção de manifestantes pacíficos", completou o comunicado.

"Exortamos todos os países a apoiarem publicamente o povo iraniano e suas demandas pelos direitos elementares e o fim da corrupção", completou Nauert.

;Algo por trás;

As declarações de Trump foram classificadas como "oportunistas" por Teerã.

"O povo iraniano não dá valor algum, nem crédito às declarações oportunistas das autoridades americanas e de [Donald] Trump", minimizou o porta-voz do Ministério iraniano das Relações Exteriores, Bahram Ghasemi, citado pela imprensa local.

Ghasemi chamou de "artimanha" e de "engano" o apoio de alguns responsáveis americanos às concentrações em várias cidades iranianas nos últimos dias.

O primeiro-vice-presidente iraniano, Eshaq Jahangiri, deu a entender que opositores ao governo estariam por trás das manifestações dos últimos dias.

"Alguns incidentes no país nesses dias aconteceram sob o pretexto das problemas econômicos, mas parece que há por trás deles", disse Jahangiri, em comentários divulgados pela estatal IRIB.

"Eles acreditam que fazendo isso estão prejudicando o governo", afirmou, mas "serão outros que vão aproveitar essa onda".

Um congressista afirmou que os protestos também encontraram eco no colapso de instituições de crédito e outros escândalos financeiros.