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Ao menos 80 mortos em violência intercomunitária na Nigéria

A violência entre os criadores de animais, em sua maioria muçulmanos, e agricultores cristãos se intensificou após o Ano Novo, em particular devido a uma nova lei que proíbe que os pastores nômades se desloquem no interior do estado

Agência France-Presse
postado em 09/01/2018 16:01

A violência entre os criadores de animais, em sua maioria muçulmanos, e agricultores cristãos se intensificou após o Ano Novo, em particular devido a uma nova lei que proíbe que os pastores nômades se desloquem no interior do estado

Oitenta pessoas morreram no estado de Benue, no centro da Nigéria, desde 31 de dezembro em confrontos entre agricultores e criadores de animais, indicou nesta terça-feira (9/1) um porta-voz dos serviços de emergência.

A violência entre os criadores de animais, em sua maioria muçulmanos, e agricultores cristãos se intensificou após o Ano Novo, em particular devido a uma nova lei que proíbe que os pastores nômades se desloquem no interior do estado.

lTambém foram registrados ataques em outros estados nigerianos, dividindo seus habitantes com base em religiões e grupos étnicos e deixando claro que o governo federal não pode impedir a violência.

"Oitenta é o número que podemos mencionar por enquanto. Os ataques não param", disse Emmanuel Shior, secretário executivo dos serviços de emergência de Benue (SEMA).

De acordo com Shior, os ataques provocaram o deslocamento de dezenas de milhares de pessoas nas regiões de Guma e Logo. Essas pessoas estão agora em quatro campos de refugiados.

"Agora, o número (de pessoas deslocadas) é de 80.000, porque os assassinatos continuam e algumas pessoas de outros estados estão correndo para Benue", acrescentou. "Nós suspeitamos que essas pessoas estão reagindo contra a proibição de pastoreio de gado aplicada pelo governador do estado".

Esta medida busca encorajar os pastores, que pertencem ao grupo étnico fulani, a abandonar a vida nômade e se instalar em fazendas. Isso, em teoria, deve evitar conflitos sangrentos com os agricultores.

Esses confrontos fazem parte dos conflitos agrários, exacerbados pelas tensões religiosas e étnicas, que causaram milhares de mortes nas últimas décadas no país.

O centro de estudos International Crisis Group havia alertado em setembro que os conflitos agrários estão se tornando "potencialmente tão perigosos quanto a insurreição do Boko Haram no nordeste" da Nigéria.

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