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Merkel perto de um novo mandato ao obter acordo para formar governo

As eleições legislativas de setembro, marcadas pelo insucesso dos partidos tradicionais e pelo avanço da extrema direita não permitiram formar uma maioria

Agência France-Presse
postado em 12/01/2018 14:37

As eleições legislativas de setembro, marcadas pelo insucesso dos partidos tradicionais e pelo avanço da extrema direita não permitiram formar uma maioria

Angela Merkel alcançou um acordo de princípio nesta sexta-feira para assumir um novo governo na Alemanha, com apoio dos social-democratas e a promessa de contribuir para "um novo começo" da Europa.

Ao fim de cinco dias de duras negociações e com uma última sessão de 24 horas ininterruptas em Berlim, a chanceler conservadora comemorou o compromisso alcançado, que permite a ela continuar no poder por mais quatro anos e tira a Alemanha de um impasse político inédito.

Ela disse almejar "a formação de um governo estável".

As eleições legislativas de setembro, marcadas pelo insucesso dos partidos tradicionais e pelo avanço da extrema direita não permitiram formar uma maioria.

Depois do fracasso para formar uma coalizão majoritária com os ecologistas e os liberais, a chanceler ficou sem escolha: teve que fechar um acordo com o partido social-democrata SPD para não ameaçar sua carreira, após 12 anos na chancelaria.

O acordo de 28 páginas finalmente alcançado entre os democratas-cristão da CDU e da CSU e os social-democratas foi validado pelos três partidos. Contudo, o SPD alertou que, no fim, nossa "base vai decidir", lembrando que o acordo precisava ser validado pelos militantes.

Foco na Europa


O documento traça as linhas principais do possível governo de coalização e deve abrir a via de negociações detalhadas da política que virá. Esse processo deve levar semanas.

Por ora, os dois grupos políticos, que já governaram juntos na última coalizão, deram destaque à Europa.

Merkel prometeu, em frente à imprensa, contribuir para "um novo começo da Europa", ao lado da França, num contexto de fragilização do projeto Europeu devido ao Brexit e ao aumento das tendências nacionalistas na zona do euro.

O presidente francês Emmanuel Macron comemorou os avanços. Ele está à espera de uma resposta às propostas que fez no fim de setembro acerca principalmente de uma reforma da zona do euro.

"Eu estou feliz e satisfeito que Merkel tenha conseguido avançar para um governo de coalizão, que será útil e é aguardado pela Europa e pela França", declarou ele, de Paris.

Mas nada ainda é definitivo. Por parte dos social-democratas, a decisão de entrar em um novo governo de coalizão com os conservadores ainda deve receber a luz verde dos delegados do partido durante um congresso extraordinário previsto para 21 de janeiro, cujo desenlace é incerto.

A base do SPD é muito cética acerca de trabalhar, novamente, para os conservadores.

No melhor dos casos, um novo Executivo será investido no final de março

Superávit nos caixas públicos


Almejando convencer os militantes, Martin Schulz chamou o resultado de "formidável".

Ele não conseguiu tudo o que queria, no entanto, apesar da boa saúde da maior economia europeia, cujos fundos públicos nunca foram estiveram tão bem desde a reunificação, com superávit de mais de 38 bilhões de euros.

Os conservadores recusaram seu pedido de criar um "seguro de saúde cidadão", uma espécie de previdência social para a qual todos devem contribuir, a fim de reduzir as discrepâncias entre os seguros públicos e privados.

O SPD tampouco conquistou o aumento da carga tributária sobre os mais ricos.

Em termos de política migratória, um ponto de discórdia há bastante tempo, os dois lados concordaram em limitar o número de refugiados à faixa entre 180 mil e 220 mil por ano - como os conservadores esperavam.

A Alemanha recebeu mais de 1 milhão de refugiados entre 2015 e 2016, o que rendeu muitas críticas a Merkel e permitiu a expansão da extrema direita.

Mesmo com o acordo, o contexto político é desfavorável, tanto para os democratas-cristãos, quanto para os social-democratas.

Sua aliança já foi chamada, na imprensa, de "coalizão dos perdedores", porque ambos foram punidos nas legislativas de setembro.

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