Agência France-Presse
postado em 12/01/2018 17:20
Washington, Estados Unidos - O acordo histórico sobre o programa nuclear do Irã, defendido por Teerã e por outras potências signatárias, está novamente à espera da decisão do presidente Donald Trump sobre se restabelecerá sanções econômicas contra o país. O republicano deveria ter tomado a decisão na quinta-feira (11), durante uma reunião com seus conselheiros, segundo um membro de seu governo. Um funcionário de alto escalão do Departamento de Estado disse que o anúncio foi adiado para esta sexta-feira.
Em meados de outubro, Trump se recusou a certificar para o Congresso americano que Teerã respeitava os termos do acordo assinado em 2015, espalhando confusão sobre o destino do texto. Esse documento foi negociado durante dois anos entre Irã, Alemanha, China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia.
Até agora, a falta de certificação era simbólica e não restabeleceu as sanções americanas. Essas medidas haviam sido suspensas em troca do compromisso de Teerã de não desenvolver uma bomba atômica.
Europa após acordo
A suspensão é temporária e deve ser renovada regularmente pelo presidente. Segundo funcionários americanos, Trump poderia estender - com reticências - essa suspensão, que vence neste fim de semana. Mas, em paralelo, poderia impor novas punições ligadas a outros problemas além do nuclear, como os direitos humanos, ou o respaldo a grupos extremistas no exterior.
"Acho que novas sanções podem ser esperadas", disse nesta quinta-feira à imprensa o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin.
Na quinta-feira, o chanceler do Irã, Mohammad Javad Zarif, alertou que "todo ato que mine o acordo nuclear é inaceitável". Teerã ameaça adotar represálias, garantindo que se "prepara para todos os cenários". No mesmo dia, em um telefonema com Trump, o presidente francês, Emmanuel Macron, sinalizou "a determinação da França a favor da aplicação rigorosa do acordo e a importância de que seja respeitado por todos os seus signatários".
Reunida em Bruxelas nesta quinta-feira, a União Europeia voltou a defender o pacto de Viena para fazer frente em bloco a Washington. "O acordo funciona, cumpre seu objetivo principal, que é manter o programa nuclear iraniano sob controle e vigilância rigorosos", disse a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini.
O acordo "faz o mundo ser mais seguro e impede uma potencial corrida armamentista nuclear na região", insistiu Mogherini. "O chanceler francês, Jean-Yves Le Drian, indicou que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) ;confirma regularmente a boa aplicação; por parte do acordo do Irã. Por isso, não há dúvidas sobre o respeito aos seus compromissos", completou.
Hoje, Moscou também disse que é "extremamente importante preservar a viabilidade do documento", que "é resultado de um consenso entre vários participantes".