O ex-policial venezuelano Óscar Pérez, que em 2017 atacou prédios governamentais usando um helicóptero, está ferido e encurralado pelas forças especiais em seu esconderijo na periferia de Caracas, informou o piloto em redes sociais.
"Estão disparando contra nós com lança-granadas e atiradores de elite. Dissemos que íamos nos entregar e não querem deixar que nos entreguemos, querem nos matar", disse Pérez em um vídeo em que aparece com o rosto ensanguentado e na companhia de outros homens armados.
Pérez, piloto e ator amador de 36 anos que deu toques de ficção à crise venezuelana, detalhou que foram cercados em uma estrada de El Junquito, a 25 quilômetros a noroeste de Caracas.
Jornalistas da AFP que tentavam chegar ao local, cujo acesso foi bloqueado pelas autoridades, viram passar um tanque do Exército, grupos de comandos especiais e ambulâncias.
"Não querem que nos entreguemos, literalmente querem nos assassinar, acabaram de dizer. Força", ouve-se em um dos últimos vídeos gravados em meio a um tiroteio. "Vamos nos entregar, não continuem atirando", gritou.
O número dois do chavismo, Diosdado Cabello, com forte influência nos organismos de segurança e nas Forças Armadas do país, confirmou a operação em sua conta no Twitter.
"O terrorista Óscar Pérez atacou aqueles que o cercam, ferindo dois funcionários da FAES (Força de Ações Especiais da Polícia), os corpos de segurança responderam ao fogo", escreveu Cabello.
A ministra de Assuntos Penitenciários, Iris Varela, manifestou em sua conta do Twitter: "Que covarde, agora que está preso como um rato". "Onde está a coragem que teve para atacar unidades militares, matar e ferir oficiais, e roubar armas?", lançou.
"Morreremos de pé"
Em 27 de junho, Pérez e outros homens não identificados sobrevoaram Caracas em um helicóptero da Polícia Forense, lançaram granadas contra o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) e dispararam contra o Ministério do Interior, sem deixar vítimas.
A ação ocorreu em meio à onda de protestos contra o presidente Nicolás Maduro que deixou 125 mortos entre abril e julho de 2017.
O piloto, que desde então publicou vários vídeos nos quais diz lutar contra a "narcoditadura" e "tirania" na Venezuela, é acusado de "ataque terrorista" pelo governo e tem uma ordem de captura na Interpol.
"Morreremos de pé defendendo a nossa terra, mas nunca de joelhos diante dos tiranos", segundo outra mensagem publicada na conta de Pérez @equilibriogv.
Em dezembro, atribuíram a ele a autoria da "Operação Gênesis", que acabou na invasão a uma base militar em Laguneta de La Montaña, povoado do estado de Miranda (norte), onde foram roubados 26 fuzis Kalashnikov e três pistolas.
Maduro acusou os Estados Unidos de estarem por trás do ataque e pediu à Força Armada "tolerância zero com os grupos terroristas" e para afastá-los com "chumbo".
"Saiam às ruas"
Em outro vídeo publicado nesta segunda-feira, Pérez assegura que há vários feridos no local onde estão encurralados e que também há civis, entre eles mulheres e crianças. "Por que atiram? Há pessoas inocentes", gritou.
"Quero pedir à Venezuela para que não desfaleçam, lutem, saiam às ruas. É hora de sermos livres e só vocês têm o poder agora", afirmou em postagem.
O ex-policial enviou uma mensagem aos seus três filhos em que diz que suas ações contra o governo foram tomadas por eles e pelas crianças da Venezuela que estão sofrendo com a severa crise econômica, política e social.
Até agora, o piloto postou uma dúzia de vídeos em suas contas no Twitter e Instagram que se tornaram virais no país.