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Dirigentes palestinos se reúnem para responder a 'tapa do século' de Trump

m um discurso no qual não escondeu sua ira, o presidente palestino, Mahmud Abbas, marcou a pauta para a reunião de dois dias do Conselho Central da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), em Ramallah, na Cijordânia ocupada

Agência France-Presse
postado em 15/01/2018 17:12

m um discurso no qual não escondeu sua ira, o presidente palestino, Mahmud Abbas, marcou a pauta para a reunião de dois dias do Conselho Central da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), em Ramallah, na Cijordânia ocupada

Os líderes palestinos voltaram a se reunir nesta segunda-feira (15/1) para tentar dar uma resposta às últimas ofertas do presidente americano, Donald Trump, sobre um plano de paz entre israelenses e palestinos, que rejeitam de forma unânime.

Em um discurso no qual não escondeu sua ira, o presidente palestino, Mahmud Abbas, marcou a pauta para a reunião de dois dias do Conselho Central da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), em Ramallah, na Cijordânia ocupada.

"O assunto do século se converteu no tapa do século", lançou Abbas ao se referir à vontade declarada de Trump de presidir o "último acordo" diplomático entre israelenses e palestinos.

Os Estados Unidos de Trump perderam a credibilidade em seu papel de mediador. Os palestinos rejeitam o plano que Washington deve apresentar em data ainda indefinida, e todas as opções continuam sobre a mesa, detalhou Abas.

"Já não há Oslo", por culpa de Israel, insistiu, nomeando o processo iniciado em 1993 e que se supõe que deve levar a uma paz negociada entre palestinos e israelenses. Esses acordos, considerados como os que precedem à criação de um Estado palestino, são a referência dos esforços de paz. Abbas não se pronunciou sobre as consequências dificilmente previsíveis que teriam seu final.

O Conselho Central da OLP, um dos órgãos da organização reconhecida internacionalmente como representante de todos os palestinos, foi convocado expressamente para responder à decisão anunciada em 6 de dezembro por Trump de reconhecer Jerusalém como capital de Israel.

Deus e a casa Trump

Dezessete palestinos, o último nesta segunda-feira, morreram em uma onda de violência iniciada a partir de então. Os palestinos vêm nessa ruptura unilateral com décadas de diplomacia internacional uma negação de suas reivindicações sobre Jerusalém Oriental, anexada e ocupada. Também consideraram essa postura de Washington como a manifestação mais flagrante de sua parcialidade pró-israelense.

Desde que Trump chegou ao poder, em janeiro de 2017, se absteve de apoiar a criação de um Estado palestino, foi mais discreto sobre a colonização israelense e esteve a ponto de fechar um escritório da OLP em Washington.

Também ameaçou cortar a ajuda americana aos Territórios Palestinos por rejeitarem as negociações de paz.

"Quando nós negamos?", questionou Abbas, indignado. "Deus destrua sua casa", disse a Trump, usando uma expressão comum em árabe.

Os palestinos congelaram os contatos com o governo Trump. O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, visitará Jerusalém na semana que vem, mas ainda não se reunirá com nenhum líder palestino.

Para esta segunda-feira, o Conselho Central da OLP teria que alcançar uma declaração comum.

Por sua vez, Abbas se mostrou favorável a um processo com mediação internacional, mas se absteve de abordar duas possibilidades mencionadas antes da reunião da OLP: o fim do reconhecimento de Israel ou a cooperação de segurança com os israelenses.

O discurso de Abbas e as reações que provocou evidenciaram o estado de deterioração do processo de paz e sua pouco margem de manobra.

;Caiu a máscara;


O movimento islamita Hamas, que não faz parte da OLP e rejeitou o convite para a reunião, acusou Abbas, em comunicado, de "não satisfazer as ambições de nosso povo".

Por ouro lado, parece muito pouco provável que Israel aceite outro intermediário que não os Estados Unidos.

Abbas "perde a cabeça", disse o ministro israelense de Defesa, Avigdor Lieberman. "Caiu a máscara", insistiu o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, atualmente na Índia. "Disse a verdade que não deixo de repetir há anos: o conflito com os palestinos resulta de sua rejeição constante a reconhecer o Estado dos judeus qualquer que sejam as fronteiras", disse em declarações difundidas pela rádio pública.

A Rússia, que recebeu Abbas recentemente, disse "compreender" o ressentimento palestino. Fizeram concessões durante anos "sem receber nada em troca", declarou o ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.

Maja Kicijancic, porta-voz da Comissão, indicou que o planejamento europeu se baseava nos acordos de Oslo e as resoluções do Conselho de Segurança. O ministro francês das Relações Exteriores considerou por sua vez que os acordos de Oslo "mostraram a via" de um acordo negociado, e pediram "às partes abster-se de qualquer medida suscetível de prejudicar uma retomada das negociações".

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