Agência France-Presse
postado em 22/01/2018 18:05
O Parlamento da Venezuela, de maioria opositora, exigiu nesta segunda-feira (22/1) indenizar as famílias do ex-policial rebelado Óscar Pérez e seis companheiros, mortos em uma operação de captura que qualificou de "massacre".
"O Estado tem a obrigação de indenizar as vítimas de violações dos direitos humanos", disse a deputada opositora Delsa Solórzano, que preside uma comissão parlamentar para investigar a operação policial e militar de segunda-feira passada.
"Os filhos dos massacrados têm que ser devidamente indenizados, assim como os parentes, as viúvas, os pais. Estamos requerendo aos organismos correspondentes que garantam estas medidas", acrescentou Solórzano.
O Legislativo é desconhecido pelo governo de Nicolás Maduro depois que o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) declarou "nulas" todas as suas decisões por "desacato" em 2016. A governista Assembleia Constituinte, que desde agosto rege no país como um suprapoder, aprova as leis.
Pérez, acusado de "terrorismo" e declarado "o criminoso mais procurado" no país, se alçou contra Maduro em meio a protestos opositores que deixaram 125 mortos entre abril e julho de 2017.
Em 27 de junho, ele atacou, de um helicóptero da Polícia Forense, o TSJ e o Ministério do Interior com granadas e armas de fogo, sem deixar vítimas. Em 18 de dezembro amordaçou militares de um quartel junto com seus aliados e roubou armas e munições.
Solórzano denunciou que Pérez e cinco de seus aliados abatidos morreram por disparos na cabeça. A única mulher do grupo, afirmou, faleceu por um tiro na cervical.
"Há um padrão. Há jurisprudência suficiente (...) que assinala que quando há este tipo de padrão há justiçamento", sustentou a deputada.
O Parlamento chamou para depor pelo caso o ministro da Defesa, Vladimir Padrino, e o comandante da militar Guarda Nacional, Richard López Vargas. Citações prévias de funcionários de alto escalão, incluindo Maduro, foram ignoradas.
Uma pequena concentração em rechaço à morte de Pérez se desenrolava nesta segunda-feira em Caracas, no entorno da Universidade Central da Venezuela (UCV), a principal do país.