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Maduro inicia campanha para reeleição na Venezuela sem oposição

A medida foi anunciada depois que os partidos se recusaram a apresentar candidatos nas eleições municipais de 10 de dezembro


A medida foi anunciada depois que os partidos se recusaram a apresentar candidatos nas eleições municipais de 10 de dezembro. Os opositores denunciaram fraudes nas votações para governadores de 15 de outubro. Os dois pleitos foram vencidos pelo chavismo.

Os partidos opositores deveriam levar ao CNE as assinaturas de pessoas que representem 0,5% dos inscritos no Registro Eleitoral em pelo menos 12 dos 24 estados do país. Quase 19 milhões de pessoas estão registradas para votar em toda Venezuela.

A governista Assembleia Constituinte, incentivada por Maduro e que atua desde agosto como poder absoluto no país, antecipou a eleição presidencial, geralmente organizada em dezembro, para 30 de abril no mais tardar. "O TSJ está anulando a cédula da MUD, a mais votada na história do país", afirmou à AFP o analista eleitoral Eugenio Martínez, em uma referência ao triunfo opositor nas legislativas de dezembro de 2015.

Maduro iniciou a campanha para a reeleição na quarta-feira (24/1), apesar da profunda crise no país, com uma inflação prevista pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em estratosféricos 13.000% para 2018 e uma grave escassez de alimentos e remédios

"Vamos ganhar as eleições presidenciais e vamos varrer", afirmou Maduro durante um evento com trabalhadores. Ele tem como meta obter 10 milhões de votos. Analistas e líderes opositores alertavam para a possível antecipação da disputa presidencial, alegando que o governo tentaria aproveitar as divisões registradas na MUD nos últimos meses.

Setores da oposição consideram os diálogos iniciados pela aliança com o governo de Maduro, na República Dominicana, como uma "traição" após os protestos que deixaram 125 mortos entre abril e julho do ano passado.

Também afirmam que a "via eleitoral" para solucionar a grave crise política e econômica venezuelana é prejudicada por um sistema de votação "fraudulento". O governo alega que o sistema é "o mais seguro do mundo".