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Rússia denuncia caráter belicista da nova postura nuclear americana

O ministério russo de Relações Exteriores advertiu que tomará as medidas necessárias para garantir a segurança do país frente aos Estados Unidos

Agência France-Presse
postado em 03/02/2018 13:38
A Rússia denunciou neste sábado (3) o caráter belicista e antirrusso da nova postura nuclear americana, anunciada na sexta-feira (2). O ministério russo de Relações Exteriores se declarou profundamente decepcionado e advertiu que tomará as medidas necessárias para garantir a segurança do país frente aos Estados Unidos.

Segundo as autoridades russas, a posição americana está "impregnada de todos os estereótipos antirrussos, começando por acusações descabidas de comportamento agressivo e de todo o tipo de ingerências, envolvida em acusações igualmente infundadas e violações de toda uma lista de acordos sobre o controle de armamentos".

Os Estados Unidos anunciaram que querem modernizar seu arsenal nuclear e desenvolver novas bombas atômicas de baixa potência, o que pode ser considerada uma resposta às ações russas dos últimos anos.

A declaração fez com que especialistas temessem uma reativação da proliferação e um risco maior de um conflito nuclear.

A chamada Revisão da Postura Nuclear apresenta as ambições nucleares do Pentágono durante o mandato do presidente Donald Trump e é a primeira vez desde 2010 que o Departamento de Defesa americano explica como prevê as ameaças nucleares nas próximas décadas.



Embora o documento do Pentágono, cujo rascunho vazou para a imprensa no mês passado, mencione as ameaças de China, Coreia do Norte e Irã, o enfoque principal é a Rússia.

"Essa é uma resposta à expansão da capacidade russa e à natureza de sua estratégia e doutrina", escreveu o secretário de Defesa Jim Mattis no prefácio do texto de 75 páginas.

"Isso, somado à tomada da Crimeia por parte da Rússia e às ameaças nucleares contra nossos aliados marcam o decidido retorno de Moscou à competência entre as principais potências", acrescentou.

Um dos temores do Pentágono é a Rússia assumir que suas armas de alta potência são, na maioria, grandes demais para serem usadas - já que seu uso provavelmente resultaria em represálias de larga escala e eliminaria do mapa grande parte da humanidade.

"Há fortes indícios de que os russos percebem nossa postura e capacidades estratégicas atuais como potencialmente inadequadas para dissuadi-los", disse à imprensa Greg Weaver, encarregado das capacidades estratégicas do Estado-maior americano.

[SAIBAMAIS]Segundo ele, Estados Unidos e Otan precisam de uma gama mais ampla de opções nucleares de baixa potência para dissuadir a Rússia em caso de conflitos.

O documento diz que, se tiver armas menores, o Pentágono poderá contrariar as "percepções errôneas" de adversários de que os Estados Unidos não responderiam a outro país usam sua própria bomba de baixa potência.

A nova estratégia busca continuar o programa de modernização nuclear ordenado por Obama, que abrange todos os pilares da "tríade": armas balísticas intercontinentais terrestres, foguetes lançados de submarinos e bombas lançadas de aviões.

Mas, ao contrário da estratégia de Obama, que buscava reduzir o papel das armas nucleares, a nova política as considera de forma positiva.

O ex-presidente americano, durante um famoso discurso em Praga em 2009, pediu a eliminação das armas nucleares.

As armas nucleares de baixo rendimento, também conhecidas como armas nucleares "táticas", são extremamente poderosas e podem conter tanto impacto destrutivo quanto as bombas caíram sobre Hiroshima e Nagasaki no fim da Segunda Guerra Mundial.

Os Estados Unidos já dispõem de um enorme arsenal nuclear, que inclui 150 armas nucleares B-61 armazenadas em vários países europeus, que podem ser configuradas para operações cujos objetivos podem ser alcançados com bombas de baixa potência.

A diplomacia russa vê no documento uma injusta tentativa de Washington de "acusar aos demais de sua própria responsabilidade em detrimento da segurança internacional e regional, resultado de uma série de atos irresponsáveis dos próprios Estados Unidos".

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