Agência France-Presse
postado em 07/02/2018 14:23
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Berlim, Alemanha - Angela Merkel começou a estabelecer nesta quarta-feira (7/2) as bases de um quarto mandato como chanceler na Alemanha graças a um acordo concluído entre seu partido conservador e os social-democratas, que vai receber ministérios estratégicos.
Berlim, Alemanha - Angela Merkel começou a estabelecer nesta quarta-feira (7/2) as bases de um quarto mandato como chanceler na Alemanha graças a um acordo concluído entre seu partido conservador e os social-democratas, que vai receber ministérios estratégicos.
"Estou convencida de que este contrato de coalizão (...) é o pilar do governo estável que o nosso país precisa e que muita gente no mundo esperava", declarou a líder conservadora da CDU após um último round de 24 horas de discussões sem interrupção em Berlim. "Estamos satisfeitos", indicou por sua vez Alexander Dobrindt, um dos principais negociadores da CSU.
Diante da relutância do SPD a se aliar novamente com os conservadores, esses últimos tiveram de fazer muitas concessões. Os social-democratas obtém vários ministérios, incluindo o das Finanças, segundo uma fonte próxima às discussões.
Isso marca uma ruptura com o legado do ortodoxo Wolfgang Sch;uble, conservador e titular da pasta por oito anos até o final de 2017. Este ministério deverá retornar a Olaf Scholz, prefeito da segunda maior cidade do país, Hamburgo, e figura respeitada dentro do SPD, de acordo com a imprensa.
"Admito que a questão de quem assumirá qual ministério não foi fácil", reconheceu Merkel. O ex-presidente do Parlamento Europeu e líder social-democrata Martin Schulz deverá se ocupar das Relações Exteriores, de acordo com as mesmas fontes.
Uma reviravolta para quem proclamava há pouco tempo que jamais participaria de um governo de Angela Merkel. Como resultado, de acordo com vários meios de comunicação, deverá deixar a presidência do SPD apenas um ano após ser eleito.
O SPD também poderá contar com representantes nas pastes do Trabalho e Assuntos Sociais, Meio Ambiente e Assuntos Familiares. A CSU, a ala mais à direita da família política de Angela Merkel, deverá recuperar o ministério do Interior. Uma promessa ao eleitorado mais conservador. Há dois anos, este partido vem denunciando a generosa política migratória da chanceler.
Angela Merkel já não tem o direito de cometer erros se quiser permanecer no poder. As eleições legislativas de setembro, marcadas pela queda dos partidos tradicionais e pelo avanço da extrema-direita, não permitiram obter uma clara maioria na Câmara dos Deputados.
Após uma primeira tentativa fracassada de formar uma coalizão com os liberais e os ecologistas em novembro, a chanceler se viu obrigada a recorrer ao SPD, com quem discute desde o início de janeiro.
Segundo o jornal Bild, Merkel cedeu demais para evitar novas eleições. "Que preço pagou? É quase um sacrifício pessoal! O que sobrou para ela?", insistiu o jornal. Os debates se concentraram por muito tempo nas despesas militares e na reforma do seguro saúde, para reduzir os desequilíbrios entre o setor público e o privado, e o mercado de trabalho.
O projeto de coalizão, ao qual a AFP obteve acesso, prevê que o próximo mandato de quatro anos da chanceler será focado no ressurgimento da Europa, em conformidade com as prioridades do chefe de Estado francês, Emmanuel Macron.
Aceita de forma cautelosa a ideia francesa de um orçamento de investimento para a zona do euro e uma melhor proteção dos países membros diante de crises financeiras. Para seu novo mandato, Merkel ainda terá que superar um grande obstáculo, o voto dos cerca de 460 mil militantes do SPD sobre o contrato de coalizão, cujo resultado é esperado para o início de março.
Na tentativa de persuadir seus militantes, Martin Schulz conseguiu que o acordo do governo incluísse uma cláusula de reavaliação após dois anos. A rejeição do contrato da coalizão colocaria a chanceler diante de uma escolha difícil: formar um governo minoritário instável ou aceitar novas eleições, dois cenários inéditos na Alemanha pós-guerra.