Agência France-Presse
postado em 09/02/2018 15:58
Bogotá, Colômbia - A ex-guerrilha das Farc anunciou nesta sexta-feira (9/2) a suspensão temporária de sua campanha eleitoral na Colômbia por falta de garantias após as sabotagens e agressões contra alguns de seus candidatos.
"Tomamos a decisão de suspender temporariamente, e até que o governo nos dê as garantias mínimas, para dar continuidade às atividades" eleitorais, declarou à AFP Imelda Daza, candidata à vice-presidência pelo partido da outrora guerrilha armada.
[SAIBAMAIS]Daza, ex-ativista e líder da esquerda, assegurou que a decisão foi tomada em razão das "agressões e sabotagens" sofridas nos últimos dias pelo candidato presidencial e líder máximo das Farc, Rodrigo Londoño, conhecido como "Timochenko".
Londoño cancelou suas visitas de campanha por razões de segurança e teve que ser protegido de pessoas que pretendiam atacá-lo durante atos proselitistas ou após entrevistas com os meios de comunicação. Com 1% das intenções de voto, o líder rebelde está nas últimas posições entre os aspirantes à presidência, de acordo com as pesquisas mais recentes.
Esperamos "que o governo, através da adoção de mecanismos disponíveis, nos garanta as condições mínimas para realizar nosso trabalho e exigimos respeito pela nossa integridade física e pelo direito de apresentar nossas ideias", reclamou Daza.
A líder política afirmou que na segunda-feira, Iván Márquez, ex-comandante guerrilheiro e candidato ao Senado, teve que cancelar um comício público no município de Florencia, departamento de Caquetá (sul), por "incitamentos à violência" de um senador do opositor Centro Democrático.
"Esta não é uma reação espontânea das pessoas", acrescentou a candidata à vice-presidência pelo agora Força Alternativa Revolucionária do Comun (Farc), que descartou ameaças de morte contra os candidatos rebeldes.
Daza responsabilizou os "atos de sabotagem" a setores que promoveram o ;não; ao pacto da paz no referendo votado em outubro de 2016, que teve maioria nas urnas e provocou a renegociação do acordo alcançado com o governo após quatro anos de negociações em Cuba.
As Farc denunciaram ataques a seus candidatos nos departamentos de Quindío, Caquetá e Valle del Cauca, que deixaram "feridos, entre eles dois menores, além de danos materiais a veículos e em uma sede sindical".
As Farc e o governo de Juan Manuel Santos assinaram em novembro de 2016 um acordo para superar meio século de conflito armado. O pacto garante aos rebeldes 10 assentos no Congresso - cinco em cada câmara - por dois períodos de quatro anos, mas para isso devem participar das eleições.
Santos, que deixará o cargo em agosto após dois mandatos de quatro anos, pediu na quinta-feira que os colombianos rejeitem as agressões sofridas pelos candidatos das Farc. Os colombianos vão eleger seus congressistas em março e um novo presidente em maio.