Agência France-Presse
postado em 14/02/2018 10:43
Joanesburgo, África do Sul - A África do Sul aguarda com impaciência, nesta quarta-feira (14/2), uma declaração pública do presidente Jacob Zuma, em resposta ao pedido de renúncia formulado por seu próprio partido, o Congresso Nacional Africano (ANC).
Enquanto a imprensa especulava sobre uma possível declaração de Zuma durante a manhã em seu gabinete no Union Buildings em Pretória, a presidência negou todas as versões extraoficiais ao assegurar que nenhum discurso está previsto.
Com o país esperando que Zuma defina seu futuro, a polícia realizou uma operação de busca na residência da polêmica família Gupta, em Johannesburgo, que está no centro dos escândalos que envolvem o presidente.
A operação aconteceu no âmbito das investigações sobre o suposto tráfico de influências e desvio de recursos públicos de um grupo de empresários muito próximos ao presidente Zuma.
Depois de várias semanas de negociações frustradas com Zuma, que deixaram o país em uma grave crise política, a direção do ANC decidiu nessa terça-feira (13/2) exigir que ele deixe o poder o mais rápido possível.
[SAIBAMAIS]"O Comitê Nacional Executivo (NEC, órgão de decisão do ANC) decidiu apelar a seu camarada Jacob Zuma", declarou o secretário-geral do partido, Ace Magashule, horas depois de uma reunião de várias horas que refletiu as divisões dentro do ANC.
Cyril Ramaphosa, que assumiu em dezembro a liderança do ANC, busca a saída de Zuma, afetado por vários casos de corrupção, com o objetivo de evitar uma catástrofe eleitoral nas eleições gerais de 2019.
A ordem para que Zuma renuncie foi recebida com alívio na África do Sul, mas várias pessoas especulam que o chefe de Estado poderia tentar ignorar os apelos.
A princípio, o presidente sul-africano não tem nenhuma obrigação constitucional de respeitar a decisão do NEC.
Mas, caso ele se recuse a acatar a ordem partidária, o ANC pode apresentar uma moção de censura ao Parlamento para afastá-lo do poder, um texto que precisa ser aprovado com a maioria absoluta dos 400 deputados para ter validade.
O ANC anunciou nesta quarta-feira que se Jacob Zuma não apresentar o pedido de renúncia, na quinta-feira o partido debaterá uma moção de censura contra ele no Parlamento.
"Apresentaremos a moção de censura amanhã (quinta-feira) para que o presidente Jacob Zuma seja destituído de seu cargo e possamos eleger o atual líder do ANC, Cyril Ramaphosa, para o posto de presidente da República", declarou o tesoureiro geral do partido, Paul Mashatile, em uma entrevista coletiva na Cidade do Cabo.