Agência France-Presse
postado em 19/02/2018 08:57
Londres, Reino Unido - O ex-diretor da Oxfam no Haiti, envolvido em um escândalo mundial de abusos sexuais, admitiu que pagou por relações sexuais com prostitutas em locais financiados pela organização, de acordo com um relatório interno elaborado em 2011 pela ONG e divulgado nesta segunda-feira (19/2). Ao lado de outros dois diretores da organização, o belga Roland van Hauwermeiren, de 68 anos, pediu demissão após as acusações de que os três haviam contratado os serviços de prostitutas durante sua missão no Haiti, após o devastador terremoto de 2010.
O documento, que a Oxfam publicou nesta segunda-feira em uma versão parcialmente censurada, também destaca que três de seus funcionários ameaçaram fisicamente uma testemunha da investigação aberta pelos fatos denunciados no país caribenho. "O incidente fez com que três suspeitos ameaçassem e intimidassem fisicamente uma das testemunhas mencionadas no relatório", afirma o documento.
[SAIBAMAIS]As três pessoas foram demitidas por "assédio e intimidação de funcionários" da organização e pelo uso de computadores da Oxfam para acessar "conteúdos pornográficos e ilegais".
Na semana passada, Van Hauwermeiren negou ter organizado orgias com jovens prostitutas e afirmou: "Nunca entrei em um bordel no Haiti". Em uma carta publicada pela imprensa belga, ele admitiu apenas que teve relações sexuais com uma "mulher respeitável e madura", sem entregar dinheiro. Mas em um relatório interno de 2011, o belga reconheceu que manteve relações com prostitutas em sua residência no Haiti, financiada pela ONG.
A Oxfam optou na época por oferecer a seu diretor no Haiti uma "saída digna, desde que cooperasse plenamente com o restante da investigação".
O relatório interno de 2011 concluiu que "nenhuma das acusações iniciais de fraude, nepotismo ou contratação de prostitutas menores de idade conseguiram ser demonstradas pela investigação, mas que não era possível descartar que pelo menos uma das prostitutas era menor de idade".
A Oxfam revelou na sexta-feira um plano de ação para impedir novos casos de abusos sexuais e tentar aplacar a polêmica mundial gerada pelas informações sobre seus representantes no Haiti. Neste caso, a organização britânica também foi criticada por não ter impedido que os funcionários incriminados trabalhassem para outras ONGs. Depois de atuar na Oxfam, Roland van Hauwermeiren trabalhou para a organização francesa Ação contra a Fome em Bangladesh. Esta última lamentou não ter sido avisada sobre o passado do belga.