Agência France-Presse
postado em 22/02/2018 17:12
Nações Unidas, Estados Unidos - A Rússia disse nesta quinta-feira (22/2) que "não houve acordo" no Conselho de Segurança da ONU sobre um cessar-fogo de 30 dias na Síria para permitir a entrega de ajuda humanitária e evacuações médicas.
O embaixador russo, Vassily Nebenzia, apresentou modificações a um projeto de resolução que esteve em negociação por quase duas semanas, enquanto o governo da Síria continua sua forte ofensiva sobre o enclave rebelde da Guta Oriental, que deixa mais de 400 mortos.
Na reunião convocada por Moscou, o diplomata disse que a Suécia e o Kuwait - que apresentaram a proposta de resolução - solicitaram a votação do texto quando estavam "plenamente conscientes de que não há um acordo sobre o mesmo".
O Conselho de Segurança precisa alcançar um acordo "factível" sobre o cessar-fogo e não tomar uma decisão que possa ser "populista" e "distante da realidade", disse Nebenzia.
Mais de 400 pessoas morreram desde domingo, quando o governo sírio iniciou uma poderosa ofensiva aérea na Guta Oriental. O embaixador russo assinalou preocupações sobre as medidas para fazer cumprir o cessar-fogo e a entrega de ajuda humanitária. Depois anunciou que apresentaria propostas para modificar o processo de resolução.
Suécia e Kuwait apresentaram o rascunho da resolução em 9 de fevereiro, mas as negociações paralisaram, enquanto as forças sírias - apoiadas pela Rússia - aumentaram sua ofensiva. Estados Unidos, França e Reino Unido pediram ao Conselho para acelerar a votação.
"A emergência sobre o terreno é absoluta" e "é essencial adotar rapidamente" a resolução discutida pelo Conselho, disse o embaixador francês na ONU, François Delattre. O Conselho deve apoiar um cessar-fogo para "evitar uma situação que está além das palavras em seu desespero", disse o embaixador sueco Olof Skoog.
Segundo a proposta de resolução, a trégua entraria em vigor 72 horas depois que fosse adotada e nas 48 horas seguintes começaria a entrega de ajuda humanitária e as evacuações médicas. O chanceler da Rússia, Sergei Lavrov, disse que seu pai apoiaria a medida se não fosse aplicada aos grupos rebeldes que bombardeassem Damasco.