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Pastor acredita que vencerá Maduro nas eleições: 'Sou a luz nas trevas'

O candidato de 48 anos - líder da Igreja Maranatha - criticou a oposição por ficar de fora das eleições e disse que a fusão política-religião é o que país precisa para sair de uma de suas piores crises

Agência France-Presse
postado em 23/02/2018 15:13
O candidato de 48 anos - líder da Igreja Maranatha - criticou a oposição por ficar de fora das eleições e disse que a fusão política-religião é o que país precisa para sair de uma de suas piores crises

Caracas, Venezuela -
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, parece ter como certa sua reeleição, mas o pastor evangélico Javier Bertucci afirma ser idôneo e capaz de derrotá-lo nas eleições de 22 de abril: "Eu sou a luz nas trevas", afirmou.

Em um hotel de Caracas, o candidato de 48 anos - líder da Igreja Maranatha - criticou a oposição por ficar de fora das eleições e disse que a fusão política-religião é o que país precisa para sair de uma de suas piores crises.

Bertucci está relacionado aos "Panama Papers", o escândalo sobre paraísos fiscais, e em 2010 esteve em prisão domiciliar por suposto tráfico de combustível, mas ele afirma sua inocência.

- O que você acha da oposição ter ficado de fora das eleições?

É um erro deixar o caminho livre (para Maduro) e seguir com o discurso de que tudo é uma armadilha. Eles continuam tomando todos os espaços. Sempre houve oportunismo, mas mais de 50% do eleitorado quer votar. Por que cercear esse direito? Este governo é derrotável.

- Como se define politicamente?

Sou um candidato independente, sem história política. Estou há anos fazendo obras sociais.

- É um "outsider" da campanha?

Considero assim. As pessoas não querem um partido, mas um líder, alguém que não venha de nenhum dos grupos, que possa se conectar com eles e que tenha história social. Preencho todos esses requisitos.

- O que acha dos que dizem que você é um candidato oculto do chavismo para legitimar a reeleição de Maduro?

Estão jogando o que o governo quer, a decepção para que as pessoas não votem. Esta proposta não tem nada a ver com o governo.

- Governaria com o chavismo?

De maneira nenhuma, queremos uma mudança radical. Não concordo com governos de transição nos quais estejam os dois grupos.

- O que faria com os chavistas acusados de violar os direitos humanos e de corrupção?

Não sou um vingador, não venho para saciar a vingança de ninguém, mas para levantar um país que está no chão. A justiça chegará.
- O que Maduro representa para você do ponto de vista religioso?

Não sei com o que Maduro comunga, mas claramente eu represento o bem e a luz. Venho para trazer valores cristãos ao país. Sou a luz para este momento, e se eu sou a luz, alguém tem que ser as trevas e o mal.

- O que diria para os que criticam o uso da religião para captar votos?

As mudanças são feitas pela via política, e se você acrescenta os valores (religiosos), estaremos diante da ferramenta mais eficiente para mudar a cultura. Se você muda o culto, muda a cultura de uma sociedade.

- Acredita poder reeditar o fenômeno do pastor e candidato presidencial costa-riquenho Fabricio Alvarado?

Se não acreditasse não estaria aqui. Posso ser o próximo presidente deste país.

- O que acha dele?

As pessoas querem mudanças, um líder com valores, porque a política em nossos países tem sido muito baixa.
- Como presidente, apoiaria o casamento gay e o aborto?

O casamento igualitário com direito à adoção pode se tornar uma distorção social. Respeito a orientação sexual de cada indivíduo, mas nunca apoiarei uma lei deste tipo. Analisaríamos uma lei que permitisse abortos talvez por condições médicas, ou em casos que comprometam a vida da mãe.

- Você é um fanático religioso?

Não, porque o fanatismo embaça a razão e para levar o país à frente é necessário muita lucidez.

- Por que o relacionam aos "Panama Papers"?

Me reuni com um reconhecido importador e perguntei a ele se poderíamos importar carne que seria financiada com dinheiro de muitos voluntários. Não me senti seguro de fazer uma operação com garantias e o empresário me ofereceu fazer parte da direção de sua empresa para garantir a negociação, que não teve um final feliz e nada foi feito. Não tenho nenhuma relação com os "Panama Papers".

- A Constituição exige ser leigo para se candidatar à Presidência. Como é deixar seu papel de pastor?

Tenho uma dor no coração por esta decisão, que acho ser a correta. Deus ama este país e é necessário fazer um sacrifício.

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