Agência France-Presse
postado em 02/03/2018 12:20
Cabul, Afeganistão - Um ataque suicida com carro-bomba foi lançado contra um comboio da embaixada da Austrália nesta sexta-feira pela manhã (2/3), no leste de Cabul, deixando pelo menos um morto - um garoto de 12 anos - e 22 feridos, todos civis afegãos.
Ninguém a bordo do comboio foi atingido, segundo o Ministério australiano das Relações Exteriores, que publicou um comunicado em sua página institucional, afirmando que "o pessoal da embaixada está a salvo".
Houve uma certa confusão em relação a esse ataque, ocorrido por volta das 9h locais (1h30, horário de Brasília) e ainda não reivindicado por grupo algum. Inicialmente, o porta-voz do Ministério afegão do Interior, Najib Danish, disse que o suicida, que causou muitos danos à área, tinha como alvo um "comboio de forças estrangeiras".
"Hoje, um carro-bomba explodiu perto de veículos da embaixada da Austrália que circulavam em Cabul", afirmou, por sua vez, o Ministério australiano.
"O governo australiano manifesta sua simpatia aos familiares dos mortos e feridos neste ataque", acrescentou.
[SAIBAMAIS]No último balanço divulgado pelo Ministério do Interior, o porta-voz adjunto da pasta, Nasrat Rahimi, afirma que "um menino de 12 anos foi morto, e 12 civis, feridos" nesse ataque, todos afegãos.
Em Cabul, uma fonte de segurança indicou que os veículos transportavam funcionários terceirizados da embaixada que moravam em uma área de segurança reforçada.
O quartel-general da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) disse à AFP que "nenhum membro da ;Operação Apoio Decidido; foi ferido nesse incidente".
Testemunhas relatam terem ouvido uma explosão bastante potente e reclamaram da demora das equipes de socorro, que levaram mais de 30 minutos para chegar ao local.
Muito comum em Cabul para puxar charretes em meio ao trânsito, um cavalo teve queimaduras graves na cabeça e nos membros anteriores. Acabou sendo abatido, após agonizar, registrou um fotógrafo da AFP.
Primeiro ato violento desde quarta
Este foi o primeiro incidente violento contra estrangeiros registrado em Cabul desde a oferta de paz feita aos talibãs na quarta-feira (28/2) pelo presidente Ashraf Ghani. A proposta inclui que os talibãs se tornem um partido político ao fim do processo.
O plano de paz destinado a pôr fim a uma guerra de 17 anos no país teve baixa receptividade entre os talibãs, que nunca reconheceram a autoridade do governo de Cabul e tinham, pouco antes, proposto aos americanos "discutir diretamente" com eles.
Mais de 16 mil militares estrangeiros se encontram estacionados no território sob mandato da Otan, americanos em sua maioria. Eles integram as forças afegãs e fazem operações em nome da luta contra o terrorismo.
Nessa guerra, são os civis que pagam o preço mais alto.
Apenas em 2017 foram mais de dez mil mortos e feridos. Os diferentes atentados, incluindo aqueles cometidos com carros-bomba, tornaram-se a primeira causa de ferimentos e de óbitos relacionados com o conflito na população - especialmente na capital.
Cabul viveu uma série de atentados que deixaram mais de 130 mortos e 250 feridos em uma semana no final de janeiro passado.