Renato Alves - Enviado Especial
postado em 05/03/2018 19:50
Seul, Coreia do Sul - Os enviados especiais do presidente sul-coreano Moon Jae-in para a Coreia do Norte não têm planos de discutir a libertação de sul-coreanos e norte-americanos, detidos no país comunista. O propósito da comitiva sul-coreana, durante a viagem de dois dias a Pyongyang, é ajudar principalmente os Estados Unidos e a Coreia do Norte a se sentarem para conversar, segundo o governo sul-coreano.
Liderada pelo chefe do Departamento de Segurança Nacional, Chung Eui-yong, a delegação de cinco integrantes do governo do Sul partiu para a Coreia do Norte nesta segunda-feira (6/3), para convencer o regime de Kim Jung-un a conversar com os EUA sobre seus programas de armas nucleares e discutir maneiras de melhorar os laços inter-coreanos.
Levado a confessar espionagem
Meios de comunicação sul-coreanos haviam informado que os enviados especiais discutiriam a libertação de três norte-americanos presos e informariam a funcionários dos EUA sobre o resultado da discussão com o Norte, a fim de dar origem a ambos os países e iniciar um diálogo.
Três cidadãos norte-americanos e seis sul-coreanos permanecem em cativeiro no lado norte-coreano. Entre eles, Kim Dong-chul, um missionário coreano-americano preso em 2 de outubro de 2015. Ele morava em Yangji, na China, e trabalhou como chefe de uma empresa de serviços hoteleiros em uma zona econômica especial na Coreia do Norte desde 2001.
Kim Dong-chul foi levado a uma coletiva de imprensa realizada em Pyongyang em 25 de março de 2015, em que confessou "atividades de espionagem sob as instruções da Coreia do Sul, para reunir sistêmica os segredos do partido, Estado e militares da Coreia do Norte e entregá-los ao Sul". Ele cumpriu 10 anos de trabalhos forçados desde 2006.
Outro sul-coreano, Tony Kim, também conhecido como Kim Sang-duk, foi preso por "atos hostis" contra o regime de Kim Jong-un no aeroporto de Pyongyang, em 21 de abril, quando ele estava saindo do país. Kim Sang-duk estava na Coreia do Norte ensinando contabilidade na Universidade de Ciência e Tecnologia de Pyongyang como professor visitante. Ele, que anteriormente ensinava na Universidade de Ciência e Tecnologia de Yanbian, havia se empenhado no trabalho humanitário no país mais fechado do mundo.
Filho fez apelo ao governo
O filho de Kim pediu ajuda ao governo sul-coreano para levar o pai para casa, em um vídeo publicado no YouTube, em fevereiro, pouco antes das Olimpíadas de Inverno de PyeongChang, na Coreia do Sul O apelo à ajuda ocorreu em meio a um raro avanço diplomático na península coreana, com a participação de atletas do Norte nos jogos.
Outro sul-coreano, Kim Hak-song, de origem chinesa, foi detido no Norte em 7 de maio de 2017. Agentes o prenderam na estação de trem de Pyongyang, enquanto esperava pelo transporte para a cidade natal, Dandong, na China. Kim Hak-song estudou teologia em Los Angeles e obteve a cidadania dos EUA em 2008. Trabalhava na Universidade de Ciência e Tecnologia de Pyongyang desde 2014.
Religiosos cumprem prisão perpétua
Inexistem dados precisos sobre a quantidade de estrangeiros presos na Coreia do Norte. Ao menos seis sul-coreanos sao mantidos em cadeias do Norte, segundo o Ministério da Unificação da Coreia do Sul. Eles incluem os missionários evangélicos Kim Jung-wook, Kim Kuk-ki e Choi Chun-gil, detidos em outubro de 2013, outubro de 2014 e, em dezembro de 2014, respectivamente. Acredita-se que os três cumprem prisão perpétua de trabalho duro.
Então representante especial dos EUA para a política da Coréia do Norte, Joseph Yun, conseguiu visitar os presos norte-americanos em junho do ano passado, quando esteve na Coréia do Norte para trazer Otto Warmbier, estudante dos EUA que morreu dias depois de ser liberado da Coréia do Norte. Mas não houve progressos nas conversações sobre a libertação dos detidos no Norte.
O repórter viajou a convite da Associação Coreana de Jornalistas