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Congresso chileno assume sem maiorias; neta de Allende preside a Câmara

Nova formação do Congresso tem várias vertentes representadas em cenário que não é favorável ao novo presidente

Agência France-Presse
postado em 11/03/2018 16:10
O novo Congresso do Chile foi formado neste domingo (11/3), antes da posse do presidente Sebastián Piñera, que não conta com a maioria absoluta, em um ambiente fortemente fragmentado.

A coalizão governista "Chile Vamos" conta com 19 senadores e 72 deputados, enquanto a nova oposição de centro-esquerda tem 16 cadeiras na câmara alta e 43 na baixa.

A esquerda radical, reunida na chamada Frente Ampla, subiu de três para 20 deputados e conta, pela primeira vez, com um senador.

A ascensão da Frente Ampla, coalizão de pequenos partidos chefiada por ex-líderes dos protestos estudantis de 2011, é considerada o maior chacoalhão na política chilena desde o retorno da democracia, após a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

O governo de Piñera "pode fazer pouco, porque tem o Congresso travado. Acredito que haverá muita discussão, mas o que ele tentará fazer é mostrar resultados desde a gestão. Mais política pública do que agenda legislativa", aposta a analista da Universidade de Santiago Lucía Dammert.

Neta de Allende
A neta de Salvador Allende, chefe de Estado socialista que se suicidou em meio ao levante militar liderado por Pinochet em 11 de setembro de 1973, foi eleita presidente da Câmara dos Deputados.

Maya Fernández Allende, 47, deputada socialista eleita para um segundo período num distrito de Santiago, foi escolhida pela maioria dos deputados, após um acordo entre as forças políticas de esquerda.

"Não sou a primeira mulher a presidir a Câmara. Hoje, felizmente, somos muito mais mulheres", disse Maya, filha da bióloga e médica veterinária Beatriz Allende.

Outro socialista, Carlos Montes, foi eleito presidente do Senado. Nesta qualidade, foi encarregado de dirigir hoje a cerimônia de posse de Piñera.

O Congresso que assumiu neste domingo é resultado da reforma eleitoral promovida pelo governo de Michelle Bachelet, que estabeleceu um sistema proporcional em troca do binominal, que se mantinha como herança da ditadura.

O novo sistema alterou o número de distritos eleitorais, que passou de 60 para 28, aumentando, também, o número de legisladores em ambas as câmaras, a fim de melhorar a representatividade.

Na Câmara dos Deputados, o número subiu de 120 para 155, enquanto, no Senado, aumentou de 38 para 43. Como resultado, 79 deputados estreiam na maior renovação do Parlamento desde o retorno da democracia, em 1990.

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