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Dezenas de mortos em bombardeios do regime sírio contra Guta Oriental

O regime de Bashar al-Assad já reconquistou 70% do reduto rebelde, onde mais de 1.260 civis morreram e milhares ficaram feridos em quase um mês de bombardeios

Agência France-Presse
postado em 16/03/2018 13:30
Adra, Síria - Dezenas de civis morreram nesta sexta-feira (16/3) em ataques contra as áreas rebeldes sitiadas de Guta Oriental, de onde muitos moradores fugiam da ofensiva devastadora do regime sírio e seu aliado russo.

O regime de Bashar al-Assad já reconquistou 70% dessa fortaleza rebelde nas proximidades de Damasco. Mais de 1.260 civis morreram e milhares ficaram feridos em quase um mês de bombardeios, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

Apesar das condenações e apelos a um cessar-fogo, o regime, auxiliado por Moscou, continua sua operação, num país devastado por sete anos de uma guerra que deixou mais de 350 mil mortos.

Neste contexto, o Exército sírio pediu que os habitantes de Guta Oriental fujam do reduto através "dos corredores de segurança", num momento em que fecha o cerco aos setores ainda sob controle insurgente.

"O comando geral do Exército pede aos civis que deixem Guta Oriental (...) pelos corredores de segurança", indica um comunicado lido na televisão estatal síria.

Em outra frente deste complexo conflito, 22 civis foram mortos nos bombardeio do Exército turco em Afrin, onde conduz uma ofensiva contra este enclave curdo do noroeste da Síria.

[SAIBAMAIS]Nesta sexta-feira em Guta Oriental, pelo menos 80 pessoas morreram em ataques aéreos nas localidades de Saqba e Kfar Batna, de acordo com o OSDH, que atribuiu os bombardeios à força aérea russa.

Em Kfar Batna, oito corpos queimados estavam no meio da rua, segundo um fotógrafo colaborando com a AFP. A maioria dos centros da Defesa Civil na localidade não estão mais operacionais e, portanto, não há ninguém para evacuar os feridos.

Diante do avanço das tropas do governo no sul do enclave, centenas de civis fugiam, sem outra escolha a não ser buscar refúgio em áreas sob controle do regime.

A televisão estatal exibia imagens de homens, mulheres e crianças chegando em um bairro controlado pelo governo.

De acordo com o embaixador sírio na ONU, mais de 40.000 civis teriam saído de Ghuta na quinta-feira.

Atrocidades

Na localidade de Adra, ao norte do encrave rebelde, cerca de 3.000 pessoas estavam abarrotadas em uma escola convertida em abrigo. Alguns passaram a noite no pátio, dormindo no chão, de acordo com um correspondente da AFP no local.

Para retomar completamente a fortaleza rebelde, o regime fragmentou a região para isolar os territórios e enfraquecer os rebeldes.

Mas os rebeldes e jihadistas tentam resistir. Os combatentes do grupo jihadista Hayat Tahrir al-Sham e os do Faylaq al-Rahman "retomaram quase toda a cidade de Hammuriyé", conquistada na quinta-feira pelas forças pró-regime, de acordo com o OSDH.

"Esta semana, a crise síria entrou em seu oitavo ano. Até quando as potências permitirão que essa situação se arraste?", indignou-se o presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Peter Maurer, que acompanhou um comboio de ajuda ao enclave rebelde.

Escudos humanos

Graças ao apoio russo, o regime de Assad conseguiu recuperar mais da metade do território sírio e não esconde sua determinação de reconquistar todo o país.

Depois das críticas dos Estados Unidos ao papel de Moscou, acusado de ser "moralmente cúmplice e responsável %u200B%u200Bpelas atrocidades de Assad", o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, acusou os ocidentais de tentarem "preservar o potencial militar dos terroristas" na Síria.

Para Moscou e Assad, todos os opositores armados são "terroristas".

No noroeste da Síria, os tiros de artilharia turcos na cidade curda de Afrin matou 22 civis, incluindo sete crianças, de acordo com o OSDH.

Ancara nega visar civis, mas de acordo com a ONG, 245 civis, incluindo 41 crianças, foram mortas desde o início da ofensiva, em 20 de janeiro, do Exército turco, que, com a ajuda de rebeldes sírios, quer expulsar de Afrin as Unidades de Proteção do Povo (YPG).

Este grupo armado curdo, considerado por Ancara como "terrorista", é um aliado de Washington na luta contra os jihadistas.

Afrin está quase completamente cercada. Apenas um corredor é usado por civis para fugir para as áreas controladas pelo regime. Mais de 30 mil pessoas deixaram a cidade desde quarta-feira, de acordo com o OSDH.

No entanto, a ONU expressou sua preocupação com os relatos de que civis de Afrin foram impedidos de fugir pelas forças curdas e estão sendo utilizados como "escudos humanos".

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