Agência France-Presse
postado em 19/03/2018 15:37
Moscou, Rússia - Vladimir Putin foi reeleito no domingo (18/3) presidente da Rússia com 76,7% dos votos, de acordo com resultados praticamente definitivos, uma vitória esmagadora que reforça sua posição na crise com os países ocidentais e que garante sua permanência no poder até 2024.
Putin, que desde 1999 está à frente da Rússia, como presidente ou como primeiro-ministro, deixará o cargo em 2024, quando completará 72 anos. Ao ser questionado se voltará a disputar eleições, Putin respondeu: "Ficar aqui até 100 anos? Não".
A seguir os cinco desafios econômicos que o presidente russo Vladimir Putin enfrentará em seu quarto mandato.
Falta de mão de obra
A Rússia, que tem 146,9 milhões de habitantes, perdeu mais de 5 milhões desde 1991, em consequência da grave crise demográfica após o fim da União Soviética.
A geração nascida nos primeiros anos pós-soviéticos, marcados pela baixa natalidade, está chegando agora ao mercado de trabalho. Mas existe o risco de que a falta de mão de obra qualificada freie o crescimento. "Temos menos jovens nos próximos dez a 15 anos. Por isso, um jovem especialista, com novas aptidões, será muito valioso", explicou recentemente o ex-ministro de Finanças, Alexei Kudrin.
Reforma do sistema de aposentadoria
A idade mínima da aposentadoria na Rússia - 55 anos para as mulheres e 60 para os homens - é uma das mais baixas do mundo. Embora as pensões sejam baixas, o sistema está em risco pelo declínio demográfico. Putin reconhece que a reforma é necessária, mas tem adiando isso.
Os setores liberais, como o que representa Kudrin, propõe aumentar gradualmente a idade de aposentadoria a 63 anos. Mas a reforma, que existe desde a época soviética, pode ser muito popular, num país em que aposentados têm dificuldade de fechar o mês no vermelho.
O Kremlin anunciou nesta sexta-feira que está preparando uma reforma para que as pensões aumentem mais rapidamente que a inflação.
Atrair investidores
Putin costuma prometer aos investidores estrangeiros uma melhoria do ambiente de negócios, sobrecarregado pela burocracia, segundo ele.
Mas de acordo com Chris Weafer, fundador da consultoria Macro Advisory, "a Rússia deve atrair mais investimentos estrangeiros, deve criar um ambiente competitivo favorável, com um rublo fraco, impostos baixos para a indústria e incentivos aos investimentos, e reduzir a burocracia".
De acordo com o analista, "a necessidade de investimento estrangeiro é a razão pela qual o Kremlin não respondeu às últimas sanções dos Estados Unidos, já que não quer dificultar a entrada de investidores estrangeiros na Rússia".
Na sexta-feira, o Kremlin pediu ao primeiro-ministro Dmitri Medvedev e à presidente do banco central, Elvira Nabiúllina, um plano para antes de 15 de julho para reforçar os investimentos na economia russa, ainda fortemente dependente de hidrocarbonetos.
Diversificar e economia
Apesar das promessas do governo, a Rússia, rica em reservas de hidrocarbonetos, continua sujeita à flutuação dos preços, como se viu em 2015 e 2016. "Isso é claramente negativo para as perspectivas de crescimento", segundo o banco Alfa.
Para interromper essa dependência, Chris Weafer sugere apostar na criação de pequenas empresas, concedendo-lhes créditos "mais acessíveis". Também incentiva o investimento em robótica, tecnologias "inteligentes" e inteligência artificial.
Lev Jakobson, professor da Escola Superior de Economia de Moscou, cita o exemplo do "crescimento impressionante da produtividade no setor agrícola", que bate recordes de colheitas e exportações.
Aumentar a produtividade
"A economia é muito ineficiente. Isso se deve à herança do sistema soviético e ao crescimento fácil da riqueza petroleira entre 2000 e 2013", avalia Weafer. "Há muitas ineficiências no sistema que, se forem corrigidas, poderiam levar a um crescimento forte".
O especialista cita o caso do setor petroleiro que, abalado pela crise, aumentou sua produção a uma média de 740 mil barris ao dia entre agosto de 2014 e novembro de 2016. "A indústria se viu forçada a tornar-se mais eficiente a inovadora", garante.
Para modernizar as grandes empresas, o governo lançou vários planos de privatização, mas o papel do Estado na economia ganhou força novamente nos últimos anos, quando a petroleira estatal Rosneft cresceu consideravelmente.