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Dissidentes das Farc fazem jornalistas equatorianos de reféns

O repórter, o fotógrafo e o motorista do carro do El Comercio, um dos jornais mais influentes do Equador, estão nas mãos de um grupo vinculado ao narcotráfico que não participou do processo de paz com a guerrilha das Farc

Agência France-Presse
postado em 28/03/2018 15:17
Bogotá, Colômbia - As Forças Militares da Colômbia acreditam que a equipe de jornalistas sequestrada no Equador esteja sob poder de guerrilheiros dissidentes colombianos, ainda que se desconheça se os reféns foram levados para a Colômbia, disse um alto oficial nesta quarta-feira (28).

O repórter, o fotógrafo e o motorista do carro do El Comercio, um dos jornais mais influentes do Equador, estão nas mãos de um grupo vinculado ao narcotráfico que não participou do processo de paz com a guerrilha das Farc, já extintas.

"O líder deste grupo é o terrorista conhecido como Guacho, e ele é, sem dúvida alguma, a pessoa responsável (...) pelo sequestro", afirmou o general Alberto Mejía, comandante das Forças Militares, em entrevista à rádio RCN.

A equipe do El Comercio desapareceu na segunda-feira (26) na fronteira entre Colômbia e Equador, enquanto produzia uma reportagem na região onde as autoridades buscam por dissidentes.

Nesta quarta-feira, o governo do Equador confirmou o sequestro e disse que acreditava que seus cidadãos haviam sido levados para o lado colombiano da fronteira, onde estariam bem, segundo o ministro do Interior, César Navas.

No entanto, o general Mejía afirmou que não recebeu nenhuma informação para assegurar que "essas pessoas estão na Colômbia". As autoridades de ambos os países estão em "permanente coordenação" para resolver este sequestro, o primeiro que ataca a imprensa no Equador em três décadas.

Guacho, um equatoriano identificado pela Inteligência militar como Walter Artízala, de não mais de 35 anos, foi guerrilheiro das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) por 15 anos, tempo em que se especializou em explosivos, narcotráfico e finanças.

Após se esquivar do acordo de paz com o agora partido político Força Alternativa Revolucionária do Comum, ficou à frente de um grupo de 70 a 80 homens e se movimenta entre ambos os países por uma região de floresta que serve de rota para o tráfico de drogas.

O suposto responsável do sequestro dos equatorianos também é apontado pelas autoridades como autor de um ataque com explosivos que deixou cerca 200.000 pessoas sem luz no porto colombiano Tumaco, na área de fronteira.

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