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Milhares vão às ruas de Paris em memória de idosa judia assassinada

Mireille Knoll vivia sozinha em um apartamento do leste de Paris e, segundo a necropsia foi apunhalada várias vezes

Agência Estado
postado em 28/03/2018 16:57
Paris, França - Milhares de pessoas foram às ruas de Paris nesta quarta-feira (28/3) em memória de uma mulher judia de 85 anos assassinada em um ataque que se considera relacionado com o antissemitismo. Líderes de vários partidos políticos participaram na marcha por Mireille Knoll, cujo cadáver em parte queimado foi encontrado pelos bombeiros em seu apartamento de Paris no fim de semana passado.

O presidente francês assistiu mais cedo nesta quarta-feira em seu funeral. A marcha, na qual participaram líderes das comunidades e representantes eleitos com seus sinais distintivos, partiu da Praça da Nação em direção ao edifício onde vivia Kroll no leste de Paris.

Mireille Knoll vivia sozinha em um apartamento do leste de Paris e, segundo a necropsia foi apunhalada várias vezes. Depois de morta, o apartamento foi incendiado. A idosa havia nascido em 1932, e conseguiu escapar da perseguição de 1942 de Paris contra mais de 13.000 judeus, fugindo com sua mãe para Portugal com um passaporte brasileiro herdado de seu pai.

Depois da guerra, Knoll voltou a Paris e se casou com um sobrevivente do Holocausto, que morreu no começo da década dos anos 2000. Dois homens foram acusados de "assassinato relacionado com a religião da vítima", indicou a fonte judiciária. Ambos enfrentam acusações de roubo com agravante e destruição de propriedade, apontaram fontes à AFP.

Vários elementos levaram a procuradoria de Paris a se concentrar no caráter antissemita neste caso. Um dos suspeitos, vizinho de Knoll, sabia da religião da idosa. Seu suposto cúmplice o acusou de ter gritado "Allah Akbar" ao cometer o crime, segundo uma fonte próxima à investigação.

O primeiro suspeito nasceu em 1989 e tinha antecedentes policiais por casos de estupro e agressão sexual. O segundo acusado, de 21 anos, tinha antecedentes de roubos violentos e estava no edifício no dia do assassinato.

A líder de extrema-direita Marine Le Pen, declarada não bem-vinda à manifestação pelo presidente do Conselho Representativo de Instituições Judias (CRIF), organizador do ato, foi vaiada ao chegar com vários membros de seu partido.

Ao líder esquerdista Jean-Luc Melenchon e a membros de seu partido também foi pedido que se retirassem. Ambos os políticos deixaram o local após o cortejo.

A comunidade judaica da França, de mais de meio milhão de pessoas, tem sido alvo de vários ataques islamitas nos últimos anos. No mês passado, um juiz confirmou que o assassinato, em abril de 2017, de Sarah Halimi, uma judia ortodoxa de 65 anos, teve motivação antissemita.

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