Agência France-Presse
postado em 29/03/2018 07:13
Seul, Coreia do Sul - A reunião de cúpula entre os governantes da Coreia do Sul e da Coreia do Norte, Moon Jae-in e Kim Jong Un, acontecerá no dia 27 de abril, anunciaram nesta quinta-feira as autoridades de Seul, após uma série de reuniões entre as duas partes na Zona Desmilitarizada (DMZ).
"De acordo com a vontade dos dois líderes, o Sul e o Norte concordaram em realizar ;cúpula Sul-Norte 2018; em 27 de abril na Casa da Paz sul-coreana de Panmunjom", afirma um comunicado conjunto lido pelas delegações dos dois países.
Panmunjom, localizada na fronteira e situada na Zona Desmilitarizada entre os dois países, foi o cenário da assinatura do armistício da guerra da Coreia (1950-1953).
Kim será o primeiro governante norte-coreano a pisar em território sul-coreano desde o fim da guerra.
De acordo com a versão oficial norte-coreana, seu avô e predecessor Kim Il Sung entrou várias vezes em Seul durante o conflito, cidade que caiu em duas ocasiões sob o controle das forças norte-coreanas.
Os países já celebraram duas reuniões de cúpula, em 2000 e em 2007, mas ambas aconteceram em Pyongyang.
Sem precedentes
Os Jogos Olímpicos de Inverno, organizados em fevereiro pela Coreia do Sul, estimularam uma rápida aproximação entre as duas Coreias.
Esta fase de distensão acontece após vários anos de inquietação com os programas balístico e nuclear da Coreia do Norte, que acirraram os ânimos e provocaram uma troca de ofensas pessoais e ameaças entre o presidente americano Donald Trump e Kim Jong Un.
[SAIBAMAIS]As delegações das duas Coreias, com três membros cada, se reuniram no Pavilhão da Reunificação no lado norte-coreano de Panmunjom.
"Os últimos 80 dias produziram vários acontecimentos sem precedente nas relações intercoreanas", destacou Ri Son-gwon, que preside o Comitê Norte-Coreano para a Reunião Pacífica da Península.
De modo paralelo, o chefe da diplomacia chinesa, Yang Jiechi, viajará a Seul para informar o presidente sul-coreano sobre os resultados da visita de Kim Jong Un a Pequim.
Kim visitou a China em sigilo. A escolha de Pequim para sua primeira viagem ao exterior desde que assumiu o poder, no fim de 2011, parece demonstrar o retorno da diplomacia chinesa ao primeiro plano.
China e Coreia do Norte são aliados desde que lutaram juntas na guerra da Coreia. Pequim é o principal sócio econômico do regime de Pyongyang.
Mas as relações bilaterais passaram por uma crise nos últimos anos, em consequência do crescente apoio da China às sanções econômicas da ONU, que pretendiam impedir as ambições nucleares norte-coreanas.
Dever solene
Kim e o presidente chinês, Xi Jinping, elogiaram as relações históricas dos países durante a viagem do primeiro a Pequim. E o governante chinês aceitou um convite para visitar a Coreia do Norte, segundo a agência norte-coreana KCNA.
"Sem dúvida, minha primeira visita ao exterior deveria ser à capital chinesa. É meu dever solene", disse Kim, de acordo com a KCNA.
O norte-coreano afirmou que é favorável à desnuclearização da península coreana, segundo a agência chinesa Xinhua.
Mas destacou que espera "medidas progressivas e sincronizadas para alcançar a paz" por parte de Seul e Washington.
Analistas destacaram que as duas partes tinham interesse na reunião: Pyongyang para obter o apoio de Pequim; a China para proteger os interesses no que considera um país sob sua influência.