Agência France-Presse
postado em 30/03/2018 15:14
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A viúva de Omar Mateen, o autor do massacre de Orlando que deixou 49 mortos há dois anos, foi declarada "inocente" de cumplicidade no maior atentado terrorista nos Estados Unidos desde setembro de 2001.
Poucas horas depois, Noor Salman saiu da prisão do condado de Sumter, no centro da Flórida, com a cabeça baixa ao lado de seu advogado Fritz Scheller.
"É um grande dia para a senhorita Salman, que nesse momento precisa de tempo para ficar com a sua família", disse o defensor a jornalistas antes de entrar no carro.
Os 12 membros do júri também absolveram Noor Salman, 31 anos, da acusação de obstrução de justiça no julgamento iniciado em 3 de março em um tribunal de Orlando, Flórida.
No dia 12 de junho de 2016, o marido de Noor Salman abriu fogo em nome do Estado Islâmico (EI) na boate gay Pulse. O ataque deixou 49 mortos e 50 feridos. Mateen foi morto pela polícia.
"(Os júris) não tornaram Noor Salman na última vítima, foi isto que evitaram", afirmou a advogada Linda Moreno.
Os advogados basearam a defesa com o argumento de que Noor Salman tem um QI reduzido, é infantil e era dominada por um marido abusivo.
Também afirmou que a confissão que ela fez ao FBI no dia do ataque, em que admitia ter conhecimento de que Mateen cometeria o ataque, foi feita sob coerção do agente que a interrogou.
"Por quê Omar Mateen iria confiar em Noor, uma mulher que ele claramente não respeitava?", perguntou a advogada Linda Moreno aos jurados em sua alegação final na quarta-feira, de acordo com o jornal Orlando Sentinel.
"Ela não era sua parceira, não era sua confidente".
Durante o julgamento foi revelado que Omar Mateen na verdade queria atacar a Disney - o principal parque temático de Orlando - escondendo a arma em um carrinho de bebê, mas desistiu ao perceber a grande presença policial no local. Decidiu então, ao acaso, atacar a boate Pulse.
A procuradora assistente Sara Sweeney afirmou que o alvo era a Disney e a esposa de Mateen sabia, mas não conseguiu convencer o júri.
O comissário do condado de Orange, Jerry Demings, disse que ele, os parentes e as vítimas do ataque estavam "decepcionados" com o veredicto.
Durante o julgamento foi informado que Seddique Mateen, pai do atirador, havia sido informante confidencial do FBI de janeiro de 2005 até o momento do ataque. A defesa de Salman tentou anular o julgamento por este motivo, mas o juiz Paul Byron rejeitou o pedido.
A Promotoria afirmou que não era necessário comprovar que Salman era uma extremista islâmica, apenas que suas ações ajudaram Mateen a cometer uma atrocidade em nome do EI.
Noor Salman foi acusada de cumplicidade e de mentir nas investigações. Ela poderia ter sido sentenciada à prisão perpétua em caso de condenação.