Ao menos 15 palestinos morreram e centenas ficaram feridos em confrontos com soldados israelenses na fronteira de Gaza com Israel nesta sexta-feira, 30, durante a Grande Marcha do Retorno, maior manifestação recente na região. O protesto é apoiado pelo grupo Hamas, em comemoração ao Dia da Terra. A quantidade de mortes é a maior desde a guerra de 2014 entre Israel e o Hamas.
Mais de 750 pessoas ficaram feridas pelos ataques israelenses em confrontos ao longo da fronteira, de acordo com o Ministério da Saúde da Palestina. O Exército israelense disse que milhares de palestinos atiraram pedras e atearam fogo em tropas que estavam do outro lado da fronteira. Israel acusou militantes de tentar realizar ataques durante os protestos, dizendo que, em um incidente, homens palestinos armados dispararam contra soldados israelenses.
A grande participação dos manifestantes foi um testemunho da habilidade de organização dos Hamas, mas também foi sinalizado desespero de moradores de Gaza, após o fechamento de uma fronteira que está aberta há dez anos. Na região, houve aumento do desemprego, pobreza crescente e apagões diários com horas de duração.
Asmaa al-Katari disse que participou da marcha, apesar dos riscos, e que se juntaria a protestos futuros porque "a vida é difícil aqui em Gaza e não temos nada a perder". A aluna de história afirmou que é descendente de refugiados e comentou que seus avós viviam em tendas de refugiados. "Eu quero dizer ao mundo que a causa de nossos avós não está morta."
O morador de Gaza Ghanem Abdelal, de 50 anos, disse que espera que o protesto "traga um avanço, uma melhora para a nossa vida". Ele levou a família para um acampamento perto da cidade de Gaza, cerca de 500 metros da fronteira, onde distribuiu garrafas de água para mulheres e crianças presentes no local.
Israel já havia ameaçado responder duramente, na esperança de impedir violações na cerca da fronteira. As forças armadas israelenses divulgaram um vídeo mostrando uma fileira de franco-atiradores em um barranco de barro, voltados para a multidão de Gaza em um único local.
De acordo com o Ministério da Saúde, o palestino Omar Samur, de 27 anos, foi morto por tiros da artilharia israelense no início da manhã, antes do início da marcha. Os outros 14, todos manifestantes, morreram em confrontos com o Exército em diferentes áreas.