Agência France-Presse
postado em 02/04/2018 17:06
O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, foi reeleito para um segundo mandato de quatro anos com 97,08% dos votos válidos, em uma votação sem surpresa, na qual seu único rival era um de seus partidários.
Uma média de um eleitor em cada três foi às urnas nos dias 26, 27 e 28 de março, o que significou uma participação de 41,5%, de acordo com a Autoridade Nacional Eleitoral.
Em entrevista coletiva nesta segunda-feira, Lachine Ibrahim, presidente desse órgão, anunciou que Sissi alcançou cerca de 22 milhões de votos.
A participação dos egípcios "reflete sua fé na via democrática", declarou Ibrahim, antes de anunciar a vitória de Sissi.
Chamada de "farsa" por algumas figuras da oposição, essa eleição não tinha, de fato, qualquer fator supresa no horizonte.
Franco favorito, Sissi tinha como único adversário Mussa Mustafa Mussa, um político desconhecido do grande público e partidário do chefe de Estado. Ele obteve 2,92% dos votos.
Eleito com 96,9% dos votos em 2014, Sissi chegou ao poder um ano depois da destituição - por parte do Exército, força da qual era comandante - do então presidente islamista Mohamed Mursi, na esteira de manifestações em massa nas ruas.
Artífice da estabilidade, segundo seus correligionários, seu governo é com frequência acusado por organizações nacionais e internacionais de defesa dos direitos humanos de violação das liberdades individuais e de repressão de seus opositores.
A reeleição de Sissi já era esperada. Desde o início da campanha, o chefe de Estado se mantinha onipresente na televisão e em cartazes nas ruas.
Oponentes descartados
Mussa entrou na corrida depois do descarte, ou da renúncia, de uma série de adversários de Sissi.
No final de novembro, falando direto dos Emirados Árabes Unidos, onde vivia, o ex-primeiro-ministro Ahmed Chafiq declarou sua candidatura. Ao chegar ao Egito, no início de dezembro, ficou desaparecido por 24 horsa, antes de anunciar que renunciaria à disputa.
Em janeiro deste ano, o ex-chefe do Estado-Maior Sami Anan foi excluído do processo, pela Justiça Militar, por ter-se envolvido "sem autorização das Forças Armadas".
O ex-deputado que entrou para a dissidência Mohamed Anouar El-Sadate, sobrinho do ex-presidente Anuar El-Sadate, e o defensor dos direitos humanos Khaled Ali também jogaram a toalha, denunciando pressões.
Também em janeiro, várias personalidades egípcias fizeram um apelo pelo boicote eleitoral, acusando o governo de "impedir qualquer competição real".
Em seu segundo mandato, Sissi tem dois grandes desafios pela frente: segurança e economia.
O Exército suspeita de que membros do Estado Islâmico (EI) planejem se instalar no Sinai, após as derrotas no Iraque e na Síria.
Desde 9 de fevereiro, as Forças Armadas realizam uma ampla campanha militar para "varrer" o país do terrorismo. No total, pelo menos 22 militares e mais de 100 extremistas foram mortos desde o lançamento dessa campanha no Sinai, segundo números oficiais.
A economia egípcia também não está em seu melhor momento, devido à instabilidade política e às ameaças de segurança após a revolta popular de 2011.
Em 2016, o Cairo lançou um programa drástico de reformas econômicas para a obtenção de um empréstimo de 12 bilhões de dólares por parte do Fundo Monetário Internacional (FMI). O montante foi aprovado em novembro desse mesmo ano.
Com a desvalorização brutal da moeda, que perdeu metade de seu valor em relação ao euro e ao dólar, e com a redução dramática dos subsídios, a população reclama da alta dos preços, o que teve um forte impacto no custo de vida das famílias mais pobres e da classe média.