Agência France-Presse
postado em 02/04/2018 17:59
A França começou a sentir nesta segunda-feira (2) o início de três meses de greves intermitentes no setor ferroviário, ao qual se somarão o de energia e de coleta de lixo, entre outros, contra a agenda de reformas do presidente Emmanuel Macron.
A equipe da empresa pública de ferrovias francesas SNCF começou às 19h00 (14h00 de Brasília) desta segunda uma greve que deve durar até quinta-feira de manhã. Será a primeira de uma série de greves de dois dias, e que preveem repetir a cada cinco dias até junho.
Os sindicatos advertiram que este protesto provocará graves perturbações para os 4,5 milhões de usuários de trens na França.
Na terça-feira, preveem a circulação, em média, de um em cada oito trens de alta velocidade. Não haverá nenhum trem com destino à Espanha, Itália e Suíça, afirmaram, embora três em cada quatro Eurostars para Londres e Bruxelas continuem a circular. Já o Thalys para Bélgica e Holanda operará quase normalmente.
"Estamos nos preparando para uma mobilização muito forte, com um grande impacto para os passageiros de trens", disse à AFP uma fonte do governo que pediu anonimato.
Nesta segunda-feira à noite, o retorno do feriado da Páscoa parecia fugir ao caos com um tráfego "normal", ao contrário das repetidas advertências da SNCF.
Mas a verdadeira mobilização começará na terça-feira, um dia batizado pela imprensa francesa de "terça-feira negra".
Entre os que deveriam se declarar grevistas com 48 horas de antecedência, a SNCF já contabilizou quase um ferroviário em cada dois (48%) e mais de três em cada quatro maquinistas (77%).
Os sindicatos da SNCF protestam contra a supressão do estatuto especial de seus trabalhadores para novas contratações, a abertura do serviço ferroviário à concorrência e a transformação da empresa em sociedade anônima, abrindo a via para uma futura privatização, algo que o governo nega.
Este movimento de protesto, que prevê 36 dias de paralisação em quase três meses, aposta pelo desgaste da opinião pública que, segundo as pesquisas, por enquanto considera essa greve como injustificada, mas que, esperam os ferroviários, poderia mudar se o Executivo de Macron se mostrasse intransigente.
Philippe Martinez, secretário-geral do primeiro sindicato da França, chamou assim a "convergência de lutas", aproveitando o aumento do descontentamento entre aposentados, estudantes, garis e funcionários do setor energético, que também farão greve na terça.
E o setor privado agirá igualmente: a equipe da companhia aérea Air France parará de trabalhar na terça-feira pela quarta vez em pouco mais de um mês para pedir um aumento geral dos salários de 6%.
A empresa prevê um tráfego aéreo mais perturbado do que na vez anterior, em 30 de março, quando operaram 75% dos voos. Mais paralisações foram convocadas na Air France para os dias 7, 10 e 11 de abril, em um movimento que não está diretamente relacionado com as reformas de Macron.