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Hervé Falciani, autor do SwissLeaks, é detido na Espanha

A condenação foi dada por roubar os dados de milhares de supostos sonegadores de impostos que possuíam contas na filial suíça do banco HSBC

Agência France-Presse
postado em 04/04/2018 21:22
A condenação foi dada por roubar os dados de milhares de supostos sonegadores de impostos que possuíam contas na filial suíça do banco HSBC

O ex-programador franco-italiano do banco HSBC Hervé Falciani, que vazou informações sobre práticas de evasão fiscal na Suíça no escândalo conhecido como SwissLeaks, foi detido nesta quarta-feira (4), em Madri, a pedido da Suíça, indicou uma fonte policial. "Foi em Madri, na rua, quando ia para uma conferência", disse à AFP um alto responsável da polícia.

"Pesa sobre ele uma ordem de detenção e extradição para entrega às autoridades suíças", acrescentou. Falciani, radicado na Espanha há anos, foi condenado na Suíça em 2015 a cinco anos de prisão por "espionagem econômica".

A condenação foi dada por roubar os dados de milhares de supostos sonegadores de impostos que possuíam contas na filial suíça do banco HSBC. "É incrível que os motivos jurídicos que conduziram" a Justiça espanhola "a descartar em 2013 a extradição para a Suíça de Hervé Falciani não sejam retidos na atualidade integralmente pelos juízes espanhóis, já que são exatamente os mesmos", reagiu à AFP o advogado francês de Falciani, William Bourdon. "Faremos todo o necessário para obter sua liberdade o mais rápido possível", acrescentou.

[SAIBAMAIS]Carlos Cruzado, presidente do sindicato espanhol de Fazenda Gestha também criticou a prisão de Falciani, que testemunhou nessa quarta. "O paradoxo é que o prenderam exatamente na entrada de um debate sobre a necessidade de proteger quem vaza dados, e sua cadeira ficou vazia", disse Cruzado à AFP. Falciani participaria de uma conferência chamada "Quando dizer a verdade é heroico", organizado pela Universidade Pontifícia de Comillas.

Os dados vazados por Falciani permitiram a abertura de investigações de evasão fiscal em países como França, Espanha, Reino Unido, Grécia e Argentina. Até a Suíça renunciou definitivamente, em 2017, a seu famoso sigilo bancário, e prometeu fornecer às autoridades competentes, a cada ano, os dados de seus clientes.

O escândalo surgiu em 2009, quando o Ministério de Economia da França revelou que dispunha de uma lista de 3 mil franceses titulares de contas na Suíça, nas quais estavam depositados cerca de 3 bilhões de euros. Em pouco tempo, os arquivos da "lista Falciani" tinham permitido identificar 127 mil contas pertencentes a 79 mil pessoas de 180 nacionalidades.

Falciani já foi detido em 2012 em Barcelona e passou vários meses preso, devido a um pedido de extradição. Contudo, a Justiça espanhola não lhe entregou à Suíça. Falciani teria colaborado com a promotoria anticorrupção espanhola.

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