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Aviação síria bombardeia cidade rebelde de Duma em Ghuta Oriental

Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), mais de 90 civis morreram nas últimas 48 horas

Agência France-Presse
postado em 08/04/2018 15:39
Beirute, Líbano - A Força Aérea síria bombardeou, neste domingo (8), a cidade de Duma, último bastião rebelde em Ghuta Oriental, perto de Damasco.

Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), mais de 90 civis morreram nas últimas 48 horas, em meio às denúncias dos Estados Unidos de que o regime realizou um ataque químico.

Combatentes rebeldes e civis sírios começaram a abandonar Duma na tarde deste domingo, disse a imprensa estatal, após anunciar que haviam chegado a um acordo com Damasco.

Segundo a agência estatal SANA, dois ônibus que transportavam rebeldes do grupo Yaish al-Islam e suas famílias deixaram a localidade de Duma e se dirigiam ao norte, a um território controlado pela oposição.

Moscou voltou a defender sua aliada, desmentindo que tenha havido uso de armas químicas em Duma no sábado, como denunciaram os socorristas, os rebeldes, a oposição síria no exílio e os Estados Unidos.

A organização Syrian American Medical Society (SAMS) divulgou um comunicado conjunto relatando que deram conta de "mais de 500 casos, em sua maioria de mulheres e crianças", que apresentam "sintomas de exposição a um agente químico".

- Moscou ;responsável; -

O OSDH, que afirmou que "a aviação do regime voltou a bombardear a área de Duma" após uma breve interrupção, indicou não poder confirmar um ataque químico.

A ONG relatou 70 casos de dificuldades respiratórias e de sufocamento relacionados ao fato de os civis estarem presos em subsolos, ou em habitações pouco ventiladas, sem possibilidade de sair, ou de fugir. Segundo o OSDH, 21 pessoas, entre elas 9 crianças, morreram nestas condições.

Hoje, os Estados Unidos denunciaram o possível ataque químico por parte das forças sírias.

"Estas informações, se se confirmarem, são espantosas e exigem uma resposta imediata da comunidade internacional", afirmou em um comunicado a porta-voz do Departamento de Estado americano, Heather Nauert.

"Rússia, com seu apoio incondicional ao regime, também tem um fundo de responsabilidade nesses ataques brutais", acrescentou.

"Negamos categoricamente essa informação", disse o general Yuri Yevtushenko, chefe do Centro Russo para a Reconciliação das Partes na Guerra da Síria, em declaração às agências russas.

"Estamos prontos para, uma vez que Duma esteja sem combatentes, enviar imediatamente especialistas russos em radiação, defesa química e biologia para recolher dados que confirmarão que essas acusações são inventadas", acrescentou.

O suposto uso de armas químicas foi denunciado pelo papa Francisco no domingo. Ele lamentou "as dezenas de vítimas".

"Chegam notícias terríveis da Síria, de bombardeios com dezenas de vítimas, das quais muitas são mulheres e crianças. Notícias de tantas pessoas afetadas pelos efeitos de substâncias químicas que essas bombas continham", disse o Papa a milhares de fiéis na praça São Pedro.

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