Agência France-Presse
postado em 08/04/2018 22:48
Budapeste - O dirigente conservador nacionalista Viktor Orban reivindicou, neste domingo, uma "vitória histórica" nas eleições legislativas na Hungria, após a divulgação dos resultados parciais, que lhe asseguravam uma cômoda maioria no Parlamento, ante uma oposição fragmentada.
O partido Fidesz de Orban obteve 48,9% dos votos, após a apuração de mais de 95% das urnas, segundo o Escritório Nacional Eleitoral, um resultado quatro pontos acima do de quatro anos atrás, que deve permitir que o primeiro-ministro obtenha de novo uma maioria de dois terços no Parlamento, como em 2010 e 2014.
A mobilização dos eleitores foi recorde e algumas zonas eleitorais permaneceram abertas até três horas depois do previsto.
"É uma vitória histórica que nos oferece a possibilidade de continuar nos defendendo e de defender a Hungria", declarou o dirigente, de 54 anos, a uma multidão de apoiadores às margens do Danúbio.
Admirado pelas direitas populistas europeias e criticado pelos que o acusam de deriva autoritária, o primeiro-ministro húngaro, quer tornar "irreversíveis" as transformações que impulsou desde seu retorno ao poder, em 2010, após um primeiro mandato de 1998 a 2002.
Admirador do presidente russo Vladimir Putin e defensor da "democracia iliberal" - como foi chamada nos últimos anos esta mistura de culto ao homem, exaltação nacionalista e limitação de certas liberdades em nome do interesse nacional -, Orban exerce há oito anos um estilo de governo com controle crescente sobre a economia, os meios de comunicação e a justiça.
Defensor autoproclamado de uma "Europa cristã", Orban também se destacou por uma retórica xenófoba e por uma campanha contra o investidor americano George Soros, que acusou de orquestrar uma imigração maciça na Europa.
"Vitória grande e líquida de Viktor Orban na Hungria: a inversão dos valores e a imigração maciça defendidas pela UE foram rejeitadas de novo", tuitou a líder do partido de ultradireita francês Frente Nacional, Marine Le Pen.
- ;Ataques contínuos; -
A esquerda e a formação de ultradireita Jobbik esperavam se beneficiar do cansaço de uma parte dos eleitores ante os discursos de ódio de Orban.
A oposição fez campanha denunciando o clientelismo, a decadência dos serviços públicos e um poder aquisitivo insuficiente que levou um grande número de húngaros a emigrar.
O Jobbik, principal partido da oposição, não conseguiu melhorar seus resultados de quatro anos atrás, e teve que se contentar com 19,8% dos votos.
Seu líder, Gabor Vona, que não conseguiu se impôr em sua circunscrição, denunciou neste domingo à noite as "mentiras" e "ataques contínuos" contra seu partido, e anunciou que apresentará sua renúncia ao comando da formação.
A lista de esquerda MSZP-P obteve 12,4% dos votos, e a formação ambientalista LMP, 6,9%.
"É um maremoto para o Fidesz, que dá a Orban uma enorme legitimidade devido à alta taxa de participação, também no plano internacional", declarou à AFP o cientista político Daniel Hegedus, que prevê um reforço "dos ataques à facção crítica da sociedade civil".
As reformas realizadas por Orban prejudicam o Estado de direito e implicaram em um retrocesso dos valores democráticos, criticam a oposição e um grande número de observadores internacionais.
O líder húngaro também multiplicou os atritos com a União Europeia, em particular sobre a questão da imigração, apesar de seu país ser um dos principais beneficiários dos fundos europeus.
O resultado oficial definitivo será divulgado no meio da semana, quando se terá em conta os milhares de votos dos eleitores no exterior.