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Pompeo defende uso de diplomacia com Irã e Coreia do Norte

O atual diretor da Agência Central de Inteligência (CIA) é visto de forma quase unânime como defensor da "linha dura" nas relações dos Estados Unidos com o resto do mundo

Agência France-Presse
postado em 12/04/2018 17:31
Estados Unidos- O indicado ao cargo de secretário de Estado americano, Mike Pompeo, defendeu nesta quinta-feira (12) ante o Senado o empenho diplomático de Washington para resolver as diferenças com o Irã e assegurou que não propõe uma mudança de governo da Coreia do Norte.

O atual diretor da Agência Central de Inteligência (CIA) é visto de forma quase unânime como defensor da "linha dura" nas relações dos Estados Unidos com o resto do mundo, mas diante dos senadores tentou mostrar uma imagem diferente.

Durante uma audiência no Comitê das Relações Exteriores do Senado, que deve sugerir sua confirmação no cargo, Pompeo disse que sua prioridade será "reparar" o acordo multinacional com o Irã pelo programa nuclear, não eliminá-lo.

O presidente Donald Trump "está preparado para trabalhar com nossos aliados para revisar" esse programa e "resolver suas falhas mais evidentes. Se isso for confirmado, será uma prioridade pessoal trabalhar com esses aliados" para que a reforma do acordo seja possível, disse.

Dentro de exatamente um mês, Trump deverá se pronunciar sobre o destino do acordo nuclear com o Irã, em uma decisão fundamental que definirá se Washington continuará sendo desse entendimento, ou se o abandonará.

Pompeo era membro da Câmara de Representantes do Congresso quando esse acordo foi aprovado, em 2015, e naquele momento se opôs fortemente a sua assinatura.

Agora, ao ser consultado se considera que o Irã cumpre com as obrigações assumidas pelo acordo, Pompeo foi visivelmente cuidadoso: "não vi evidências de que o Irã não esteja cumprindo com a sua parte", declarou.

- Sem mudança de governo em Pyongyang -

Os senadores também pressionaram Pompeo sobre sua visão pessoal a respeito da tensa relação com a Coreia do Norte por conta do programa nuclear e de mísseis de Pyongyang.

Em sua apresentação ante a comissão do Senado, Pompeo disse que "não existe uma tarefa diplomática mais elevada para o Departamento de Estado do que resolver esta ameaça de décadas a nossa nação", com relação à Coreia do Norte.

Entretanto, ao ser interrogado, Pompeo tentou acabar com qualquer dúvida: "não defendo uma mudança de governo" em Pyongyang.

Também incluiu Rússia e China entre suas prioridades, caso seja confirmado no cargo de secretário de Estado.

O funcionário apontou que a Rússia "continua agindo agressivamente" com os Estados Unidos, que tem respondido com "políticas frágeis", embora tenha estimado que o empenho diplomático por uma melhora nas relações não deve cessar.

"Nossos esforços diplomáticos com a Rússia serão desafios, mas, como em enfrentamentos prévios com Moscou, deverão continuar", apontou.

Finalmente, assinalou Pompeo, "a China continua seus esforços acertados e coordenados para competir com os Estados Unidos em termos diplomáticos, militares e econômicos".

Pompeo também admitiu na audiência que a legislação vigente exige que o presidente deva obter permissão do Congresso para declarar uma guerra, mas disse estar convencido que essa autorização não é necessária para ataques pontuais.

"Presidentes do Partido Democrata e do Partido Republicano o fizeram, o ex-presidente (Barack) Obama o fez durante meses", justificou.

Esta semana, Trump ameaçou lançar mísseis na Síria depois de um aparente ataque com armas químicas, e nesta quinta-feira comentou que sua administração anunciaria uma decisão sobre o tema "logo".

- Contando os votos -

Pompeo foi designado para substituir Rex Tillerson à frente do Departamento de Estado, naquela que pode ser uma das mudanças de gabinete com mais consequências após a saída de vários integrantes desde que Donald Trump assumiu o governo há 14 meses.

Advogado, empresário e ex-legislador, Pompeo já obteve a aprovação do Senado como chefe da CIA, que o confirmou no cargo com os votos republicanos e os de 14 democratas.

Na ocasião, era necessário o voto de pelo menos um democrata para que Pompeo fosse ratificado pelo Comitê de Relações Exteriores do Senado. A audiência acontece nesta quinta, e a confirmação deve ser votada nas próximas semanas.

O comitê conta com 11 republicanos e 10 democratas. O republicano Rand Paul já manifestou sua oposição a Pompeo, por conta de seu apoio à guerra ao Iraque e por sua postura agressiva em relação ao Irã.

Trump está há quase um mês sem um secretário de Estado. Nesse período, ameaçou iniciar uma guerra comercial com a China, acusou Síria e Rússia de terem lançado um ataque químico que deixou mais de 40 mortos e acirrou a retórica contra Moscou.

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