Mundo

Palestino é morto por soldados israelenses em novos protestos em Gaza

São agora 34 o número de palestinos mortos em duas semanas de manifestações

Agência France-Presse
postado em 13/04/2018 16:11

Palestinos se preparam para incendiar uma bandeira israelense e retratos do presidente dos EUA, Donald Trump, e do príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman, durante um protesto na fronteira com Israel

Um palestino ferido a tiros nesta sexta-feira por soldados israelenses durante novos protestos na Faixa de Gaza faleceu, elevando a 34 o número de palestinos mortos em duas semanas de manifestações. Islam Herzallah, de 28 anos, foi atingido no leste da cidade de Gaza e levado ao hospital onde faleceu, informou o ministério da Saúde do território palestino.

Alguns manifestantes atiraram pedras contra soldados israelenses que responderam com tiros, constatou a AFP. Pelo menos oito palestinos ficaram feridos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, um deles atingido na cabeça.

Os protestos iniciados em 30 de março representam um desafio para as forças israelenses, que rejeitam as críticas sobre o uso de balas reais, explicando que suas regras de uso são necessárias e não serão mudadas.

Nesta sexta-feira, os organizadores dos protestos pediram aos manifestantes palestinos que queimassem bandeiras israelenses e agitassem bandeiras palestinas. Na parte da manhã, milhares de manifestantes se reuniram em diferentes lugares da fronteira. O protesto deve reunir ainda mais pessoas à tarde, após a oração semanal.

O movimento de protesto, chamado de "a marcha do retorno", prevê manifestações durante seis semanas perto da fronteira para reivindicar o "direito de retorno" de cerca de 700.000 palestinos expulsos de suas terras, ou que fugiram durante a guerra que se seguiu à criação de Israel em 14 de maio de 1948. Para Israel, o retorno dos refugiados palestinos equivale à destruição do "Estado judeu".

Sem medo de morrer

No norte da Faixa de Gaza, Sumaya Abu Awad, de 36 anos, que participa da manifestação com seus filhos, disse que vinha de Hiribya e que era seu direito retornar, em referência a um povoado do norte de Gaza, destruído durante o guerra de 1948. "Eu não tenho medo de morrer, porque não há vida em Gaza de qualquer maneira", declarou.

Desde 30 de março, 33 palestinos foram mortos, e centenas de outros foram feridos pelo Exército israelense, de acordo com as autoridades de Gaza.

Nas manifestações das duas últimas sextas-feiras, dezenas de milhares de pessoas se reuniram em cinco pontos diferentes da fronteira. Um pequeno número de manifestantes se aproximou da cerca para jogar pedras, ou para rolar pneus incendiados em direção aos soldados.

Israel acusa o Hamas, o movimento islâmico palestino que governa a Faixa de Gaza, de usar as manifestações para cometer atos de violência. Os palestinos afirmam, porém, que os soldados atiram contra os manifestantes mesmo quando, na realidade, não representam ameaça.

Entre os palestinos mortos na última sexta-feira está um jornalista, Yasser Murtaja, que, segundo testemunhas, estava usando um colete que o identificava como jornalista quando soldados atiraram nele. Israel alegou que era membro do Hamas, mas sem fornecer provas. Grupos de direitos humanos criticaram as forças israelenses, expondo imagens de vídeos postados na Internet, mostrando soldados que disparavam contra manifestantes.

Autoridades do Hamas disseram esperar menos violência nas manifestações desta sexta-feira e reiteraram que manterão a mobilização até 14 de maio, data originalmente prevista para a transferência da embaixada dos Estados Unidos de Tel Aviv para Jerusalém.

Essa mudança irritou profundamente os palestinos, que consideram a parte oriental de Jerusalém anexada por Israel como a capital do Estado a que aspiram. As manifestações devem terminar oficialmente no final de maio, quando os palestinos celebram a Nakba, "catástrofe" em árabe, que significou para os palestinos a proclamação do Estado de Israel em 1948.

A Faixa de Gaza está sob bloqueio israelense há mais de 10 anos, enquanto a fronteira com o Egito permaneceu praticamente fechada nos últimos anos. Na quinta-feira, o Egito abriu a fronteira de Rafah até sábado.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação