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Investigação sobre suposto ataque químico na Síria está paralisada

O regime de Bashar al Assad, acusado pelas equipes de resgate e pelos países ocidentais, desmente qualquer envolvimento

Agência France-Presse
postado em 18/04/2018 22:29
O regime de Bashar al Assad, acusado pelas equipes de resgate e pelos países ocidentais, desmente qualquer envolvimento
A investigação sobre um suposto ataque químico na Síria se encontrava em ponto morto nesta quarta-feira (18), já que uma equipe de especialistas internacionais não conseguiu ter acesso à zona por razões de segurança depois que uma missão de reconhecimento foi alvo de disparos.

Este suposto ataque com "gases tóxicos", que causou ao menos 40 mortes em Duma em 7 de abril, segundo equipes de emergência, desatou uma série de ataques de Washington, Paris e Londres contra instalações do poder sírio e tensionou as relações diplomáticas.

O regime de Bashar al Assad, acusado pelas equipes de resgate e pelos países ocidentais, desmente qualquer envolvimento. Mas a investigação que permitiria verificar se houve um ataque químico não progride.

A pedido do governo de Assad, uma equipe da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) chegou a Damasco no sábado. Contudo, ainda não conseguiu deixar a capital síria.

Na terça-feira, uma equipe de segurança da ONU que foi a Duma em uma missão de reconhecimento para preparar a mobilização dos especialistas da Opaq foi recebida com disparos. "A equipe voltou a Damasco", disse o diretor da Opaq, Ahmet Uzumcu, em comunicado.

"Por enquanto, não sabemos quando (a missão de investigação) poderá ir a Duma", acrescentou, advertindo que "só haverá essa mobilização (...) se nossa equipe puder contar com um acesso sem travas aos locais".

Os ocidentais, que trabalhavam em um projeto de resolução sobre a Síria na ONU, manifestam que as possibilidades de encontrar provas em Duma diminuem a cada dia.

Os Capacetes Brancos, socorristas em zonas rebeldes que avisaram do suposto ataque com "gases tóxicos", também demonstraram sua preocupação.

"É fundamental que (os especialistas) vão ao local do ataque, todas as provas estão lá", afirmou à AFP um socorrista, que pediu anonimato.

"Nos coordenamos diariamente com a Opaq. Damos detalhes de onde foram enterrados os mortos, do local do ataque, de onde vinham os aviões. (Na terça-feira) o regime afirmou ter encontrado uma fossa comum no parque Al-Jalaa. Foi ali onde enterramos todas as vítimas mortas no ataque químico e em outros bombardeios. O regime esconde todas as provas", sustentou.

Em sua conta do Twitter, o dirigente do grupo rebelde Jaish al-Islam, Mohamed Alush, acusou o governo de "eliminar as provas de um ataque químico em Duma" e de "invadir cemitérios em busca de vítimas de substâncias químicas".

Na segunda-feira, a França assegurou que o governo de Assad mantinha um programa de armamento químico "clandestino", enquanto a Justiça belga indicou que três empresas desse país deveriam comparecer em maio por "falsas declarações", ao terem omitido avisar às autoridades sobre a exportação à Síria de um produto químico que poderia servir para fabricar gás sarin.

De acordo com o jornal belga Knack, que revelou a informação, 168 toneladas de isopropanol teriam sido exportadas da Bélgica para Síria e Líbano entre meados de 2014 e o fim de 2016.

De acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), as tropas do governo bombardearam pela segunda noite consecutiva o bairro de Hayar Al-Aswad e o campo de Yarmuk, último reduto do grupo extremista Estado Islâmico (EI) no sul de Damasco.

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