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Hans Asperger, médico que deu nome à síndrome, cooperou com nazistas

Segundo estudos, o pediatra austríaco que nomeou a síndrome que faz parte do espectro autista, foi membro de várias organizações vinculadas aos nazistas

Agência France-Presse
postado em 19/04/2018 10:05
Hans AspergerViena, Áustria - O pediatra austríaco Hans Asperger, que deu nome à Síndrome de Asperger, uma condição psiquiátrica do espectro do autismo, cooperou ativamente com o programa nazista de eutanásia, de acordo com um novo estudo.

"Asperger atuou para adaptar-se ao regime nazista e foi recompensado com perspectivas de carreira por suas manifestações de lealdade", afirma no estudo Herwig Czech, historiador na Universidade Médica de Viena.

O doutor Asperger (1906-1980) "legitimou publicamente as políticas de higiene racial, incluindo as esterilizações forçadas, e cooperou ativamente, em várias oportunidades, com o programa nazista de eutanásia de crianças", completa a pesquisa.

Asperger foi membro de várias organizações vinculadas aos nazistas, mas não do Partido Nazista, destaca o estudo publicado na revista Molecular Autism.

No estudo, Herwig Czech explica que consultou diversas publicações contemporâneas e documentos de arquivo até agora não analisados, incluindo arquivos pessoas do médico e análises de seus pacientes.

Também cita um documento nazista de 1940 segundo qual Asperger "concordava com as ideias nacional-socialistas sobre as questões de raça e as leis de esterilização".

O doutor Asperger mostrou sua lealdade aos princípios fundamentais da medicina nazista em várias conferências públicas.

Após a anexação da Áustria pelos nazistas em março de 1938, ele assinava seus diagnósticos com as palavras "Heil Hitler".

De acordo com o estudo, Asperger recomendou a transferência de duas crianças, de dois e cinco anos, para o centro de Am Spiegelgrund, dentro do hospital psiquiátrico Steinhof de Viena.

Neste centro morreram quase 800 crianças que não cumpriam os requisitos de "pureza racial" e não tinham "interesse hereditário", assassinadas por envenenamento. As duas meninas, que estavam entre as vítimas, morreram oficialmente de pneumonia.

Hans Asperger também integrou uma comissão responsável por decidir o destino de quase 200 pacientes do departamento infantil de outro hospital, incluindo 35 que foram considerados "não educáveis", que acabaram mortos, segundo Czech.

A síndrome de Asperger é uma condição psiquiátrica do transtorno do espectro do autismo marcada por dificuldades nas interações sociais ou de comunicação.

O doutor Asperger a chamou inicialmente de "psicopatia autística", mas após sua morte em 1980, a síndrome recebeu o seu nome.

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