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Chefe da polícia da Filadélfia se desculpa por detenções na Starbucks

"Peço-lhes perdão", disse o comissário Richard Ross, que é negro e em um primeiro momento havia defendido a ação dos policiais

Agência France-Presse
postado em 20/04/2018 00:45
O chefe da polícia da Filadélfia pediu desculpas nesta quinta-feira (19) pela detenção de dois homens negros inocentes em uma loja da rede de cafés Starbucks, um fato que gerou indignação nos Estados Unidos e pedidos de boicote.

"Peço-lhes perdão", disse o comissário Richard Ross, que é negro e em um primeiro momento havia defendido a ação dos policiais, assegurando que "não fizeram nada de errado".

"Errei completamente", acrescentou, durante coletiva de imprensa.

"Acho que enquanto trabalhamos para tornar esta cidade mais segura e melhor, temos que reconhecer que ainda precisamos trabalhar em algumas coisas", disse Ross à emissora NBC. "Começa de cima, e começa comigo. A comunicação é importante e errei completamente nisso".

Ross, que chefia a polícia da sexta cidade americana desde janeiro de 2016, admitiu que "o problema racial reflete um problema maior na nossa sociedade".

"Eu não deveria ser uma pessoa que agrava os problemas raciais", disse. "É uma vergonha para mim se contribuí de alguma forma com algo assim".

Ross informou que a partir de agora será aplicada uma nova política se houver casos similares, mas não deu detalhes.

Em 12 de abril, a gerente de uma loja da Starbucks na Filadélfia ligou para o serviço de emergência 911 para denunciar a presença de dois homens suspeitos no café que não queriam consumir nada, nem obedecer seu pedido para deixar o local.

Eram dois amigos negros que esperavam tranquilamente um terceiro e que ainda não tinham consumido nada. Quando pediram à gerente para usar o banheiro, ela negou o acesso caso não consumissem.

A polícia chegou e deteve os dois exatamente quando o amigo chegou, mas o incidente foi filmado por uma cliente e o vídeo viralizou nas redes sociais, suscitando uma indignação generalizada e protestos sob a hashtag #boycottstarbucks.

Entrevistados nesta quinta-feira pela ABC, os dois jovens - Rashon Nelson e Donte Robinson - contaram como foi o incidente.

Quando a polícia chegou, contou Nelson, "disse a mim mesmo que não podia ser por minha causa".

"Pediram que fôssemos embora. Não fizeram nenhuma pergunta como ;Houve algum problema com a gerente?; O que aconteceu?;", relatou.

"Não leram os nossos direitos (...) Nos algemaram, com as mãos nas costas, e nos colocaram em um carro policial", disse Robinson.

O presidente da Starbucks, Kevin Johnson, já havia pedido desculpas pelo incidente na segunda-feira. O grupo anunciou que seus mais de 8.000 estabelecimentos nos Estados Unidos vão fechar na tarde de 29 de maio para que cerca de 175.000 funcionários façam uma formação sobre racismo e discriminação.

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