Mundo

Festival neonazista que homenageia Hitler gera tensão na Alemanha

Os organizadores preveem 800 participantes mas, segundo militantes da rede antifascista Antifa, o evento, cujo lema é a "Reconquista da Europa", poderia atrair cerca de 3.500 neonazistas.

Agência France-Presse
postado em 20/04/2018 20:10
Uma imagem em Adolf Hitler pode ser vista na fachada de uma construção em Leipziger Platz, em Berlim, durante o Festival das Luzes, em setembro de 2016

Berlim, Alemanha -
Centenas de neonazistas se reuniram nesta sexta-feira (20/4), dia do aniversário de Adolf Hitler, em um povoado do leste da Alemanha para realizar um controverso festival sob fortes medidas de segurança. Os extremistas, em sua maioria homens, usavam camisetas com lemas de extrema direita como "branco é a minha cor preferida" e "Adolf era o melhor", segundo um jornalista da AFP no local.

Sua segurança era garantida por um grupo denominado "fraternidade ariana". Esta primeira edição de "Schild und Schwert" ("Escudo e Espada") perto da fronteira tcheca e polonesa, que durará dois dias, mobiliza centenas de policiais, segundo as autoridades. "Verão vários policiais em cada esquina", avisou o chefe da polícia local ao jornal S;chsische Zeitung.

O dispositivo de segurança inclui 1.100 agentes, além de canhões de água e patrulhas de botes policiais no rio Neisse, em cuja margem é realizado o festival, reportou o jornal. Como precaução adicional, o tribunal regional proibiu o consumo de álcool e carregar garrafas de vidro, assim como algumas raças de cães.

Os organizadores preveem 800 participantes mas, segundo militantes da rede antifascista Antifa, o evento, cujo lema é a "Reconquista da Europa", poderia atrair cerca de 3.500 neonazistas. Além dos participantes alemães, espera-se a chegada de extremistas da Europa do Leste no município de Ostritz, de 2.400 habitantes, situado na ex-RDA comunista, na fronteira com a Polônia e República Checa.

O festival incluirá, além de shows de grupos de círculos ultranacionalistas, debates políticos, combates de artes marciais e um congresso de tatuadores. É realizado em um momento em que a Alemanha experimenta um ressurgimento dos movimentos de extrema direita, alimentado pelos temores suscitados pela chegada maciça de refugiados sírios e afegãos em 2015.

O partido anti-imigração Alternativa para Alemanha (AfD), que soube aproveitar essa tendência para entrar na câmara dos deputados após as legislativas de 24 de setembro, obteve seus melhores resultados no estado da Saxônia, onde se realiza o festival.

O promotor do evento é Thorsten Heise, membro do pequeno partido ultranacionalista NPD, que conseguiu evitar a proibição, já que o Tribunal Constitucional considerou que a audiência era muito pequena para representar um perigo.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação