Agência France-Presse
postado em 20/04/2018 23:09
O partido Democrata americano apresentou nesta sexta-feira (20/4) uma ação contra encarregados da equipe de campanha de Donald Trump, a Rússia e o WikiLeaks, acusando-os de ter conspirado para inclinar os resultados das eleições presidenciais de 2016 a favor do atual presidente.
Esta ação civil, apresentada pelo Comitê Nacional Democrata (DNC) a um tribunal federal em Manhattan, acusa a Rússia de ter informado a equipe de campanha de Trump de que tinha efetuado um ataque informático contra o DNC, o que teria conduzido à revelação de informações prejudiciais para a adversária de Trump, a democrata Hillary Clinton.
A ação assegura que um conselheiro próximo de Trump, Roger Stone, parecia ter "um conhecimento avançado" de certos projetos do grupo Wikileaks para difundir parte destas informações, participando assim do que o texto qualificado de amplo complô para influenciar as eleições.
A ação aponta a equipe de campanha de Donald Trump, entre eles altos funcionários como Paul Manafort, o filho do presidente, Donald Trump Jr, seu genro Jared Kushner, o governo russo (inclusive sua agência de Inteligência militar), o Wikileaks e seu fundador, Julian Assange.
A presidente do partido Republicano, Ronna McDaniel, qualificou a ação de "um último esforço desesperado por parte de um partido na ruína, que continua tentando fazer frente ao fato de que sua candidata perdeu as eleições em 2016".
Trump, por sua vez, tuitou que a ação dos democratas "pode ser uma boa notícia enquanto podemos rebatê-la".
"Ato de traição"
"Durante a campanha presidencial de 2016, a Rússia lançou um ataque contra a nossa democracia e encontrou na equipe de campanha de Donald Trump um parceiro ativo e entusiasta", destacou em um comunicado o presidente do DNC, Tom Perez.
"Foi um ato de traição sem precedentes: a equipe de campanha de um candidato à Presidência dos Estados Unidos vinculado a uma potência estrangeira hostil para multiplicar suas possibilidades de chegar à Presidência", denunciou.
A ação é apresentada em um momento em que Trump enfrenta uma nova tempestade política: o FBI fez uma batida recentemente nos escritórios de seu advogado pessoal Michael Cohen, e o ex-diretor do FBI James Comey acaba de publicar um livro em que diz que o presidente estava obcecado com a investigação sobre uma ingerência russa.
O procurador especial Robert Mueller está encarregado de determinar se houve conluio entre a equipe de campanha do presidente e da Rússia nas eleições presidenciais de 2016.
"NÃO houve CONLUIO", tuitou recentemente o presidente americano, que em várias ocasiões negou que houvesse conluio entre os encarregados de sua campanha e Rússia.
A ação expõe uma cronologia detalhada dos fatos já conhecidos porque foram tratados em artigos da imprensa ou processos judiciais. Entre eles está uma reunião em junho de 2016 na Torre Trump em Nova York dos membros da equipe de Donald Trump com um advogado russo e uma série de correios eletrônicos e mensagens que confirmam, segundo os democratas, o vínculo entre a Rússia e a equipe de campanha de Trump.
A demanda detalha também o suposto papel no tema de Paul Manafort, ex-diretor de campanha de Trump, alvo de 12 acusações, entre eles complô contra os Estados Unidos, lavagem, falsas declarações e não ter declarado contas no exterior.
Além disso, informa a participação de um antigo conselheiro de campanha do presidente americana, George Papadopoulos, que admitiu ter tido vários contatos com os russos e ter tentado organizar uma viagem do presidente a Moscou.