Agência France-Presse
postado em 04/05/2018 18:51
O presidente americano, Donald Trump, discursou para proprietários de armas no Texas, nesta sexta-feira (4/5), e rejeitou os apelos por leis mais estritas após o massacre ocorrido em uma escola na Flórida.
[SAIBAMAIS]Durante o encontro anual da Associação Nacional do Rifle (NRA), em Dallas, Trump atacou a polêmica sobre sua visita, três meses depois de mais um ataque a tiros que chocou o mundo.
Segundo ele, conselheiros políticos disseram-lhe que não fosse, aos quais respondeu: "tchau, tchau, preciso pegar um um avião", arrancando aplausos dos presentes.
Este é o segundo ano consecutivo em que Trump comparece ao encontro, mas é a primeira vez desde o massacre na escola em Parkland, na Flórida.
Trump fez uma breve alusão ao massacre ocorrido em 14 de fevereiro, em Parkland, e disse que os "nossos corações se partem por todos os americanos que sofreram", apesar de rejeitar as restrições à compra de armas semiautomáticas.
"Não é suficiente simplesmente tomar medidas que nos façam sentir que estamos fazendo a diferença", afirmou. "Na América, confiamos em que as pessoas sejam sábias e boas."
Antes do discurso de Trump, o vice-presidente Mike Pence chegou a dizer que houve muita cobertura midiática sobre a dor provocada pelos massacres cometidos por atiradores, e insuficiente sobre os "mocinhos" armados.
Os apelos públicos por medidas mais rigorosas no controle de armas aumentaram depois que 17 pessoas foram mortas a tiros em Parkland. Em 24 de março, os estudantes sobreviventes mobilizaram milhares de cidadãos em Washington para demonstrar a sua indignação.
Mas o Congresso, controlado pelos republicanos, tomou poucas medidas e as pesquisas indicam que o sentimento público por leis mais rigorosas está esfriando, como aconteceu com massacres anteriores.
A apenas 10 minutos a pé da praça onde John F. Kennedy foi morto a tiros, Trump prometeu que o direito de portar armas "nunca estará ameaçado enquanto eu for presidente".
Trump chegou a "flertar" com leis mais rígidas após o ataque em Parkland, mas cedeu à pressão dos doadores e recuou rapidamente.
O encontro de quatro dias da NRA reúne centenas de expositores e realiza eventos especiais para membros, como o "Fórum de Liderança", no qual Trump fez seu discurso.
Com mais de cinco milhões de membros, a NRA é uma poderosa força política nos Estados Unidos e ferrenha defensora do direito constitucional ao porte armas.
Desde o massacre em Parkland, Trump deixou claro que não apoiaria a proibição de armas de assalto, uma exigência dos manifestantes, mas se mostrou favorável à proibição dos "bump stocks", dispositivos usados %u200B%u200Bpara converter armas semiautomáticas em automáticas.
O presidente também apoiou o pedido de aumento da idade mínima para a compra de armas, passando de 18 para 21 anos, posicionamento que a NRA é contra.
A associação exerce uma forte influência no Congresso e nas legislaturas estaduais, financiando campanhas de apoiadores e visando adversários.
Após o massacre de Parkland, a situação emocional no país pareceu indicar que o ambiente político poderia mudar, colocando a NRA na defensiva.